Foi neste fim de semana. Um fim de semana em que o cinema português foi notícia e ninguém reparou. Entre ex-presidentes de futebol a serem presos e desmentidos de fake news, parece que a vitória de Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, de Renée Nader Messora e João Salaviza, no Festival do Rio, e o anúncio da nomeação de Diamantino, de Daniel Schmidt e Gabriel Abrantes, nos European Film Awards, não deixou o espaço mediático curioso..E é realmente curioso: o Festival do Rio continua a ser o mais importante certame competitivo de cinema no Brasil e com uma dimensão internacional. Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, coprodução luso-brasileira, além de ter vencido o prémio de melhor realização, venceu também a melhor fotografia, precisamente a cargo de Renée Nader. É obra... Além do mais, o filme tem feito uma carreira impressionante desde que foi mostrado e premiado em Cannes, no Un Certain Regard. Uma obra de uma pungente beleza, descrevendo com uma magia algo etnográfica o percurso de um índio krahô na sua aldeia indígena algures em Pedra Branca, localidade esquecida do Brasil..Neste Brasil de Bolsonaro em vésperas de um futuro assustador para os índios, a vitória do filme deste casal luso-brasileiro representa um vislumbre de esperança. Não está tudo perdido..Se por alturas de Arena, Palma de Ouro em Cannes nas curtas, Salaviza era visto como uma esperança do cinema português, agora isso já não vale. É certeza, certeza confirmada. Um cineasta que depois de Montanha se transfigurou. Aqui, vai à terra dos mortos e encontra vida. De novo. Tal como tinha feito nessa curta que era um arremesso político contra Rui Rio, Russa, também correalizado por um outro brasileiro, Ricardo Alves Jr. É só pena que esta chuva que cruza o imaginário do real e do encenado não esteja nos festivais nacionais. Mas isso são outras histórias....Importante é também não esquecer o feito de um outro português, Gabriel Abrantes: Diamantino estar nomeado como melhor comédia nos Prémios do Cinema Europeu é também obra..Qualquer cinéfilo que seja adepto do novo cinema português só tem razões para rebentar. Rebentar de orgulho, entenda-se.
Foi neste fim de semana. Um fim de semana em que o cinema português foi notícia e ninguém reparou. Entre ex-presidentes de futebol a serem presos e desmentidos de fake news, parece que a vitória de Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, de Renée Nader Messora e João Salaviza, no Festival do Rio, e o anúncio da nomeação de Diamantino, de Daniel Schmidt e Gabriel Abrantes, nos European Film Awards, não deixou o espaço mediático curioso..E é realmente curioso: o Festival do Rio continua a ser o mais importante certame competitivo de cinema no Brasil e com uma dimensão internacional. Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, coprodução luso-brasileira, além de ter vencido o prémio de melhor realização, venceu também a melhor fotografia, precisamente a cargo de Renée Nader. É obra... Além do mais, o filme tem feito uma carreira impressionante desde que foi mostrado e premiado em Cannes, no Un Certain Regard. Uma obra de uma pungente beleza, descrevendo com uma magia algo etnográfica o percurso de um índio krahô na sua aldeia indígena algures em Pedra Branca, localidade esquecida do Brasil..Neste Brasil de Bolsonaro em vésperas de um futuro assustador para os índios, a vitória do filme deste casal luso-brasileiro representa um vislumbre de esperança. Não está tudo perdido..Se por alturas de Arena, Palma de Ouro em Cannes nas curtas, Salaviza era visto como uma esperança do cinema português, agora isso já não vale. É certeza, certeza confirmada. Um cineasta que depois de Montanha se transfigurou. Aqui, vai à terra dos mortos e encontra vida. De novo. Tal como tinha feito nessa curta que era um arremesso político contra Rui Rio, Russa, também correalizado por um outro brasileiro, Ricardo Alves Jr. É só pena que esta chuva que cruza o imaginário do real e do encenado não esteja nos festivais nacionais. Mas isso são outras histórias....Importante é também não esquecer o feito de um outro português, Gabriel Abrantes: Diamantino estar nomeado como melhor comédia nos Prémios do Cinema Europeu é também obra..Qualquer cinéfilo que seja adepto do novo cinema português só tem razões para rebentar. Rebentar de orgulho, entenda-se.