O Irão e as posições da União Europeia
Acabou a lua-de-mel entre a União Europeia (UE) e o Irão. É isso que significa a decisão ontem tomada pelos 27 Estados membros da UE, alargando o âmbito das sanções decretadas pela ONU, em retaliação pelo programa nuclear de Teerão.
Ao longo dos anos, EUA e UE ensaiaram estratégias diferentes para lidar com o nuclear iraniano: Washington assumia as posições mais duras, deixando para Bruxelas a parte das negociações, enquanto a Alemanha, a França e o Reino Unido actuavam directamente nos bastidores.
A estratégia, se calhar pouco ou nada concertada, falhou. Foi por isso que a França e o Reino Unido optaram, em Dezembro, por apoiar os EUA no Conselho de Segurança, contando, para isso, com o beneplácito da China e da Rússia. Teerão não reagiu.
Ao longo destes quatro meses, os contactos empreendidos por Javier Solana pouco acrescentaram. Agora, Bruxelas emite um segundo aviso. A avaliar pela reacção do Presidente Ahmadinejad, que já apelou à UE para que se torne independente dos EUA, Teerão acusou a recepção da mensagem.
Não se esqueça: a UE já é o maior parceiro comercial de Teerão. E a perda deste relacionamento poderá ter efeitos catastróficos para Teerão. É positivo que o Ocidente, em conjunto, faça saber ao Irão, em tempo útil, quanto pode custar economicamente o desprezo pelas deliberações da ONU.
A guerra das sanções económicas, se for para ser levada a sério, tem o seu peso específico e não deve ser desprezada.
Os resultados das eleições no CDS/PP demonstram que Ribeiro e Castro foi um equívoco como líder. Não tinha carisma, não fazia sonhar, não prometia poder. Nisto, Paulo Portas vai directo ao assunto ao afirmar o CDS/PP como "um partido com vocação de Governo". Para lá chegar, as bandeiras são surpreendentemente sociais: o serviço público de saúde, as pensões, o combate ao crime, sem esquecer o ambiente e a cultura.
Ou seja, Paulo Portas deixa cair o seu PP de direita, que vitimou Manuel Monteiro, e pretende reinventar o velho CDS, que era suposto ser o de Ribeiro e Castro, para fazer o que Freitas do Amaral tentou, mas nunca conseguiu: colocar o partido ao centro.
E o que é que isto tem a ver com um partido do Governo? Tudo. Paulo Portas começou a dizer-nos, com os necessários cuidados, que o CDS/PP, para cumprir esta sua profunda vocação, tanto pode lá chegar com a tradicional pequena inclinação para o PSD como com uma guinada à esquerda, para o lado do PS.
Hoje, na política, e nem só em Portugal, os partidos são cada vez mais assim: muda o líder, muda o programa, acaba a coerência.
Resta saber como o País, a seu tempo, avaliará esta nova manifestação de... "realismo".