O impacto da Web Summit em Portugal
A Web Summit chegou a Portugal em 2016 e ajudou a mostrar ao mundo um país de excelência em diversas vertentes: talento, capacidade de inovação, empreendedorismo, ensino de excelência, atractividade para o investimento estrangeiro, modernidade, qualidade de vida, entre outros.
O facto de o evento trazer a Portugal durante pelo menos uma semana, os mais relevantes jornalistas a nível mundial, as maiores empresas tecnológicas, os principais investidores, um conjunto de oradores de renome internacional e centenas de startups nacionais e internacionais de grande potencial, veio acelerar substancialmente o caminho para tornar o país como um dos principais hubs tecnológicos da Europa. O radar tecnológico está focado em Portugal e os resultados estão à vista de todos.
O número de empresas estrangeiras que decidiram investir em Portugal e abrir operações no nosso país não pára de crescer. Empresas como a Revolut, a Cloudflare, a Stripe, a Pipedrive, a Uber, a Bolt, Mercedes, BMW, a Google, a Cisco, a Microsoft, entre outras, são apenas alguns exemplos de novos investimentos ou de empresas que ampliaram as suas operações no nosso país. De destacar que, em 2021, Portugal registou 200 projectos de investimento estrangeiro, um crescimento de 30% face ao ano anterior.
Ainda no que se refere a investimentos, observa-se um crescimento muito forte do financiamento dirigido a startups portuguesas. Em 2021, foram levantados mais de EUR 1,000 milhões (EUR 434 milhões em 2020) em rondas de financiamento pelas startups nacionais e, em 2022, até Setembro, este número ascende já a mais de EUR 700 milhões. De realçar que as startups são já responsáveis por mais de 1% do Produto Interno Bruto de Portugal e mais de 60,000 postos de trabalho.
Não poderá ser dissociado deste movimento a exposição das startups portuguesas e dos seus fundadores aos principais VCs e empresas tecnológicas durante a Web Summit. Anualmente, o programa Road2WebSummit, a Câmara Municipal de Lisboa e outras entidades selecionam as melhores startups portuguesas para estarem presentes no evento e apresentarem-se ao mundo. Entre 2020 e 2021, este grupo de startups levantou EUR 164 milhões de financiamento após terem participado na Web Summit e Collision (evento irmão que tem lugar no Canadá).
Este crescimento de investimento em startups portuguesas tem origem não só em investidores estrangeiros (Accel, Seedcamp, Lakestar, entre outros) mas também nacionais como a Armilar, Schilling ou Indico, evidenciando a crescente dinâmica do mercado de VC em Portugal.
Tem sido muito relevante nesta matéria os muitos encontros realizados no Venture Summit (evento paralelo durante a Web Summit) entre VCs nacionais e estrangeiros onde se discute o futuro dos mercados, as estratégias, parcerias e oportunidades de investimento/co-investimento em startups.
O posicionamento de Portugal no panorama da inovação e do empreendedorismo alterou-se substancialmente e, como referido anteriormente, o país é hoje um hub de inovação global. Se anteriormente referi as inúmeras empresas estrangeiras de dimensão que decidiram trazer as suas operações para o nosso território, o mesmo se tem verificado ao nível das startups. Pelo território nacional são muitas as startups de outros países que decidiram deslocalizar-se/expandir para Portugal dada a atractividade do país nesta área. Paralelamente, muitos são também os expatriados que decidiram lançar os seus projetos/startups a partir de Portugal. É muito comum, por exemplo, em Lisboa, Porto ou Braga, encontrar muitos empreendedores a dialogarem numa lingua que não o português.
Portugal tem hoje 7 Unicórnios que, no seu conjunto, valem mais de EUR 35 mil milhões, ou, por outras palavras, cerca de 15% do PIB português: Farfetch, OutSystems, Feedzai, Talkdesk, Remote, SWORD Health e Anchorage. O que, em termos relativos, é algo de extraordinário.
Todas têm algo em comum: a sua elevada capacidade de inovação aliada a um produto ou serviço verdadeiramente diferenciador e uma resiliência impar, que lhes tem permitido vencer os consecutivos desafios.
Mais estão a caminho, certamente.
Fontes: Crunchbase, Dealroom, Startup Portugal, IDC, Banco de Portugal.
Nova rubrica
Countdown to Web Summit 2022 é uma nova rubrica no Diário de Notícias que antevê algumas das tendências que vão marcar o próximo encontro mundial das startups no final de outubro, em Lisboa. Até à semana do evento, estarão em análise as oportunidades e os desafios dos investidores, os exemplos inspiradores e as novidades que vão marcar a agenda dos empreendedores nacionais e mundiais. O palco passa por aqui, com a reflexão de especialistas numa nova série de artigos de opinião. O artigo hoje publicado tem a assinatura de Artur Pereira, VP, Country Managing Director da Portugal Web Summit.