O Halloween é muito mais que isso!

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Pennywise (It, 1986), Freddy Krueger (Pesadelo em Elm Street, 1984), Jason (Sexta-Feira 13, 1980), Ghostface (Scream, 1996), The Shape (Halloween, 1978) e Regan McNeil (O Exorcista, 1971) invadem de modo persistente, e há mais de 30 anos, as nossas ruas na noite de Halloween. Quanto mais próxima a caracterização estiver de uma personagem de um filme ou série de terror, melhor.

Muitos ou quase todos desconhecem que o Halloween é na verdade uma tradição pagã que viajou de terras irlandesas até aos Estados Unidos, para se afirmar e então explodir para todo o mundo.

Muito poucos saberão também, principalmente os mais novos, que esta tradição tinha como principal objetivo enganar os mortos, pois acreditava-se que estes iam saltar dos seus túmulos na noite de 31 de outubro e usurpar o corpo de alguém que estivesse ainda vivo. Daí, os vivos, vestirem-se de mortos para poderem viver mais tempo, enganando assim os espíritos que deambulavam pelas ruas. Fantasmas, zombies e esqueletos eram assim os disfarces mais próximos da aparência visual de alguém que nos visitasse do além.

E o cinema ajudou. E bem!

O grande ecrã inflamou tudo isto. Seja no cinema, sejam nas séries, o que é facto é que estar disfarçado de fantasma já não é igual a estar disfarçado de Chucky (O Boneco Diabólico, 1989), de Freddy Kruger ou até mesmo das novas aparições do terror como Vecna (Stranger Things, 2016) ou Padre Hill (Missa da Meia-Noite, 2021). O que importa, para além do aspeto aterrorizador é a carga concetual e emocional que emana da personagem. O que importa, para além do grito, é aquele sorriso partilhado, depois do susto claro!, em que a personagem e o público se encontram naquela geografia de significados comuns que dão sentido a todas aquelas dolorosas horas de caracterização.

O Halloween, a par de outras celebrações, mais ou menos religiosas pouco importa, transformou-se também numa viagem cultural. É um dos momentos do ano onde nós podemos olhar para os livros, para o cinema, para a televisão e replicá-los. Copiá-los. Imitá-los e plagiá-los com sentido. Apropriarmo-nos de todas essas personagens de tal maneira que viajamos para os cenários onde elas foram criadas e roubamos esses mundos visuais e colamo-los no nosso.

A Noite das Bruxas, será sempre a Noite das Bruxas, mas o Halloween é muito mais que isso! É o teletransporte de uma película de um filme ou de uma página de livro para a realidade, nem que seja apenas por uma noite.

Designer e diretor do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia

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