O grupo que recusou ficar à sombra do sobreiro

Autonomizou-se do grupo Amorim em 2005 e tem-se afirmado no sector turístico, com projectos premiados como o Tróia Design Hotel.
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Desengane-se quem pense que a Amorim Turismo tem alguma coisa que ver com cortiça. Quando o homem mais rico de Portugal - Américo Amorim - aparece na lista da Forbes, não estão aí contabilizadas as unidades hoteleiras de luxo nem os casinos da Amorim Turismo.

Embora mantenha o nome e três dos quatro accionistas sejam da família Amorim, há seis anos deixou de ser uma sub-holding do grupo do conhecido empresário e tornou--se independente. A gestão do projecto ficou entregue a Jorge Armindo, presidente e accionista do grupo (detém 25%, o mesmo que os restantes), que aposta em duas frentes: a hotelaria de luxo e o jogo.

Até então, a história do turismo dentro da Amorim estava, essencialmente, assente numa parceria com o grupo Accor, que detém os hotéis Ibis, Sofitel e Novotel. Porém, como explica Jorge Armindo, "enquanto grupo independente tínhamos necessidade de nos afirmar e construímos os nossas próprias unidades hoteleiras". O conceito definido para a hotelaria foi o Blue&Green, marca de luxo que é comum ao The Lake Spa Resort, Vilalara Thalassa Resort e ao Tróia Design Hotel. Todas estas unidades têm, aliás, coleccionado prémios nacionais e internacionais, que vão desde distinções pelos serviços de spa até à arquitectura, em que se destaca o espaço de Tróia.

Embora os tempos sejam de crise, Jorge Armindo revela que a "Amorim Turismo não deve parar de crescer". Porém, a estratégia não é a mesma de quando a empresa arrancou. "Agora já não passa por construirmos os nossos próprios hotéis, mas sim colocarmos todo o nosso know-how de gestão noutras cadeias", explica Jorge Armindo.

Está até prevista uma expansão do grupo para países lusófonos. O presidente da Amorim Turismo ultimou recentemente um projecto em Angola, que passa por uma parceria com um grupo local. "Vamos utilizar a experiência de vários anos com o grupo Accor e aplicá-la em Angola. É por estas parcerias que tem de passar o futuro do grupo", assinala. Se a marca Blue&Green vai continuar a assinalar a diferença "pela qualidade dos serviços e a localização", a Amorim Turismo não fecha a porta a outros "segmentos de mercado". Ou seja: à gestão de hotéis de custo mais baixo. Jorge Armindo mantém um desejo antigo de gerir um hotel de charme em Lisboa. O gestor confidencia ainda que "antes da crise perspectivámos gerir quatro ou cinco hotéis de charme na cidade, mas a conjuntura não o permitiu". Enquanto aponta para o céu, num dia chuvoso, o presidente da Amorim Turismo explica como é uma autêntica roleta a ocupação dos hotéis. "Hoje é sexta-feira e está um dia como este, cinzento, mas se estivesse sol já sabia que o hotel de Tróia estava cheio este fim-de-semana", comenta.

No jogo, a conjuntura não tem ajudado ao crescimento. A Amorim Turismo é detentora dos casinos da Figueira da Foz e de Tróia e tem ainda uma importante participação de 32% na Sociedade Estoril Sol, proprietária dos casinos do Estoril, Lisboa e Póvoa de Varzim. Jorge Armindo atribui a quebra das receitas no jogo "à crise e ao crescimento da actividade online, que o Estado não tem sido eficiente a controlar".

Embora o Verão tenha sido bom para o turismo português, é preciso cativar os clientes noutras estações. Daí a aposta "nos spas e tratamentos antiaging". E ainda há a arte. Jorge Armindo é apaixonado pela pintura, tendo uma vasta colecção pessoal. No entanto, é a escultura que se destaca no Tróia Design Hotel, com um sapato gigante feito de panelas a tornar o espaço numa galeria. Trata-se de "Cinderella", obra de Joana Vasconcelos. O sapato é o par do famoso "Marilyn", peça vendida na Christie's por 573 mil euros. As obras de arte dos espaços da Amorim Turismo são de luxo. Como, aliás, tudo o resto.

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