O grande desafio das alterações climáticas
Os últimos meses foram dominados pelas alterações climáticas. Nenhuma notícia captou mais a atenção do que este tema, e muito justamente, pois é difícil imaginarmos questão mais importante para o nosso futuro coletivo.
Em matéria de combate ambiental, o problema, até agora, tem sido o excesso de retórica, para ficar bem na fotografia, nas redes sociais e nas televisões; e a escassez de ação concreta, para garantir um horizonte credível de sustentabilidade, para nós e para os nossos filhos.
A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, revelou na cimeira do clima COP25, em Madrid, que em março apresentará a primeira lei climática europeia, para tornar a transição climática irreversível na União Europeia (UE). O objetivo da nova legislação é "dotar de uma perspetiva climática todos os setores económicos". Isto é, teremos finalmente, à dimensão europeia, ação política à altura do desafio.
Como defendemos há muito - através, por exemplo, do consumo responsável e a taxação dos poluidores, seguindo o princípio do poluidor-pagador proposto igualmente pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres -, colocar a preocupação ambiental em todas as políticas é um dos principais motores da mudança.
Von der Leyen detalhou depois o plano de investimentos necessários para avançar com uma ação climática sustentada na investigação, na inovação e na tecnologia. Este plano envolve perto de um trilião de euros nos próximos 10 anos, segundo a presidente da CE, que acrescentou que deverá ser aplicada, se necessário, uma taxa de carbono ao comércio internacional. "Alguns falam-me do custo. Apenas temos de recordar qual seria o custo se não fizéssemos nada".
E porque a mudança não acontece de um dia para o outro, neste final de ano, uma palavra também para Greta Thunberg. Desde logo, é preciso mobilizar as novas gerações. São elas que, pela ordem natural das coisas, vão conduzir o processo.
Noutros tempos, na aquisição progressiva de vontade de agir, havia uma escala informal: os jovens evoluíam de estudantes para praticantes de atividade associativa e a seguir para simpatizantes ou militantes da causa. Nessa época, o grande objetivo era ganhar "consciência política". Em 2019, o objetivo é ganhar "consciência da urgência em enfrentar as alterações climáticas" mas o modelo continua válido, da simpatia à militância.
Ora, Greta é o mais influente indutor de tomada de consciência da urgência climática entre estudantes do secundário, universitários e, em geral, das novas gerações. E isto é decisivo. Em boa verdade, o que dizem os comentadores mais ou menos institucionais, pró ou contra, não interessa muito. Também não sabemos se estes jovens vão começar a votar em maior número, e em quem. Mas sabemos já que o que está a acontecer, a partir de Greta Thunberg, e mesmo com algumas contradições e excessos, é inovador e positivo.
E o mote destas novas gerações não podia ser mais certeiro: não há planeta B. E faz-se tarde para salvarmos o que temos...
Responsável pelas Relações Institucionais da DECO