O fim do pé descalço em Lisboa em 1928

Primeiro foi o governador civil a proibir que se andasse descalço na cidade. Depois foi o de Lisboa a impor a lei. Artistas aproveitaram para oferecer alpercatas aos mais pobres
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Primeiro foi o governador civil do Porto a proibir o pé descalço na cidade. Logo de seguida, o governador de Lisboa tomou a mesma decisão para a capital. E de repente uma população com muitos pobres via-se obrigada por lei a andar calçada. O DN de 1 de outubro de 1928 trazia a notícia e também as fotografias de vários lisboetas, sobretudo crianças, a aproveitarem a oferta de alpercatas feita pelas atrizes do Teatro Maria Vitória. A liderar a iniciativa benemérita estava a empresária teatral Hortense Luz e entre as figuras da cena artística que aderiram constavam nomes mais tarde famosos, como Josefina Silva.

O fenómeno do pé descalço era em boa parte explicado pela pobreza, mas tinha também que ver com hábitos enraizados nos portugueses. E a decisão política da proibição, há muito defendida pelos republicanos mas só tomada já depois do 28 de Maio de 1926, surgiu na sequência de uma campanha da Liga Portuguesa de Profilaxia Social contra "o indecoroso, inestético e anti-higiénico hábito do pé descalço".

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