O filho que regressa à casa onde iniciou a vida profissional

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Quando António de Melo Pires voltou à Autoeuropa, no mês passado, para ser apresentado como o novo director da fábrica de Palmela, e ainda antes do anúncio oficial, andou pela fábrica a tirar algumas fotografias para o obrigatório dossier de imprensa. "A quantidade de pessoas que vinham cumprimentá-lo, não só colegas antigos, mas também rapazes novos, mostra bem que tipo de pessoa é", conta uma colega sobre o regresso do engenheiro mecânico de 52 anos. Um filho que volta à casa onde passou 11 anos da sua vida profissional, para cumprir um sonho antigo dos empregados da Autoeuropa: ter um português à frente da fábrica portuguesa da Volkswagen.

Mas ao contrário da parábola, António de Melo Pires não andou perdido. Nos último anos, sempre ligado à Volkswagen, passou pela fábrica de Navarra, em Espanha, pela de Anchieta, em São Bernardo do Campo, Brasil, e pela de Curitiba, onde assumiu o cargo de director. Uma preparação para ocupar um lugar que é um sonho e um desafio, afirmou na sua apresentação. Regressa também a Palmela, uma terra onde tem a casa de família e muitas ligações.

Nasceu perto, em Setúbal, em 1957. Lembra-se, garante, de ver o terreno que depois foi ocupado pela fábrica ainda com vinhas. Em 1977, o seu quotidiano começou a passar por Lisboa: iniciou o curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Sai engenheiro em 1982, com especialização em Aeronáutica, no mesmo ano em que tem a sua primeira experiência profissional: professor na Escola Secundária de Palmela.

Após essa breve passagem pelo ensino ingressou no Exército e depois na Força Aérea, onde teve a oportunidade de explorar o seu gosto pela aeronáutica. Era, aliás, capitão engenheiro aeronáutico quando decide sair.

É em Outubro de 1992 que inicia a carreira na Volkswagen de Palmela, onde ficaria 11 anos. Dessa década, os colegas recordam um homem muito exigente consigo próprio e com os outros e um jogador de equipa. Um homem de poucas palavras, dizem uns. Ou de palavras curtas e muito directo, segundo outros.

Em 2003, quando dirigia a área de prensas e carroçarias, foi convidado para desempenhar o mesmo cargo, mas em Espanha. Um desafio que não recusou e que lhe deu a oportunidade de praticar o seu espanhol - além do castelhano, fala ainda inglês e a língua da casa--mãe, o alemão.

Começou assim o seu périplo pelo estrangeiro, onde foi ocupando cargos de cada vez maior responsabilidade, até acabar como director da fábrica de Curitiba. E depois da curta viagem a Portugal, para ser apresentado como director-geral da Autoeuropa, voltou ao Brasil, para fazer a passagem de testemunho. O cargo na fábrica de Palmela é mais um ponto alto num percurso de sucesso. Para esse êxito contribuiu decerto o facto de ser muito organizado e metódico, segundo os seus ex-colegas e futuros subordinados.

O regresso a Portugal traz também o engenheiro transformado em gestor para mais perto dos três filhos, duas raparigas e um rapaz, todos eles já crescidos, que por cá ficaram. E dá-lhe também a oportunidade de assistir aos jogos do Vitória de Setúbal, clube de que é adepto. Mas o gosto pelo desporto e por uma vida saudável faz que não se limite a ver: gosta de fazer jogging, ciclismo e natação. O outro hobby que o apaixona e lhe preenche o pouco tempo livre que tem é a fotografia.

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