O Festival Músicas do Mundo segue em Lisboa
Até ao fim de setembro, sempre às quintas-feiras, o Ciclo Mundos está no Teatro da Trindade Inatel. Trata-se de uma extensão do Festival Músicas do Mundo, que hoje apresenta o concerto dos Songhoy Blues. Considerados a mais recente revelação dos blues do Mali, esta banda de jovens músicos inspira-se na cultura da etnia Songhoy, que vive nas margens do rio Níger, misturando instrumentos tradicionais e melodias do deserto com o som das guitarras elétricas. Vêm apresentar o álbum de estreia Music in Exile, gravado o ano passado, depois de terem sido descobertos pelo produtor francês Marc-Antoine Moreau, quando este procurava novos músicos para o projeto Africa Express, de Damon Albarn.
E até ao final do ciclo, ainda são muitos mais os que se vão apresentar no palco do teatro lisboeta. São eles a dupla composta pelo iraniano Kayhan Kalhor e o maliano Toumani Diabaté (dia 8 de setembro), os brasileiros Metá Metá (dia 15) e os ucranianos DakhaBrakha (dia 22 set). "Todos estes nomes têm a música tradicional como ponto de partida para uma renovação, não só misturando culturas como criando um elo de ligação entre o passado e o futuro", diz ao DN o presidente do Conselho de Administração do Inatel, Francisco Madelino, para quem este ciclo "tem como objetivo estimular todos aqueles que praticam e defendem a cultura popular nas suas mais variadas formas".
Foi dele que partiu a ideia de desafiar a Câmara de Sines, organizadora do Festival Músicas do Mundo, para esta parceria. "É um ciclo que pretendemos ver associado à ideia da diversidade cultural e de inserção das minorias, porque a música é como uma linguagem do esperanto, com uma militância muito própria", defende o dirigente, dando em seguida como exemplo o próprio público de Sines: "Sempre muito aberto às culturas alternativas, à música independente, à miscigenação cultural e por norma contra qualquer forma de xenofobia. Tanto Portugal como a Europa precisam disso".
Com uma enorme tradição na promoção da cultura popular portuguesa, em especial na área da etnografia musical, o Inatel tem também, com este ciclo, uma oportunidade de se aproximar a um público mais jovem, como reconhece Francisco Madelino. "Queremos sobretudo criar uma ligação transgeracional com a fundação, que erradamente ainda muito associada apenas ao setor do turismo sénior". Esta sinergia com o FMM renova assim a genética da Fundação na sua "missão pública, com dinheiro do estado, de defender a cultura portuguesa, que Francisco Madelino lembra ser "resultante da mistura de influências árabes, africanas e da américa do Sul, numa característica cosmopolita e multicultural tão nossa e também em evidência nestes concertos".
É prioridade desta administração do Inatel, aliás, fazer chegar a cultura popular aos jovens, "apoiando manifestações culturais capazes de a renovar a partir do antigo".
Entretanto, já novidades há para depois do verão, como confirmou Francisco Madelino, ao anunciar ao DN a realização de dois concertos com uma das maiores estrelas da world music, o cantor maliano Salif Keita. Terão lugar no Porto, em lugar ainda a definir, no dia 10 de Novembro, e em Lisboa, no Teatro da Trindade Inatel, no dia seguinte.
O Ciclo Mundos começou no final de junho e já trouxe ao Teatro da Trindade Inatel a chilena Ana Tijoux, o americano James "Blood" Ulmer, a israelita Ester Rada, os italianos Canzoniere Grecanico Salentino, os sul-coreanos Jambinai e o espetáculo conjunto do maliano Ballaké Sissoko e do francês Vincent Ségal.