O festival monstro voltou e está ainda mais monstruoso
Crescer com conta, peso e medida. Este festival campeão de enchentes insiste em não dar um passo maior do que a perna. Ao fim de 11 anos, os responsáveis do MOTELx preferem continuar com a duração de apenas cinco dias, ao contrário da maior parte dos outros festivais que insistem na fórmula dos dois fins de semana.
Na edição deste ano, que começa amanhã e termina no domingo, há jackpot na secção dos Mestres Vivos. Os diretores do festival conseguiram duas lendas vivas: Roger Corman e Alejandro Jorodowsky, veteranos que deram um outro sentido a toda uma ideia de cinema de culto. É um luxo pelo qual qualquer festival de género era capaz de salivar.
Neste ano é de realçar também a aliança com a programação de Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura através de uma retrospetiva chamada Estranho Mundo do Terror Latino. Na secção competitiva Melhor Longa de Terror Europeia saltam à vista alguns títulos, em especial The Limehouse Golen - Os Crimes de Limehouse (2016), do realizador norte-americano Juan Carlos Medina, uma coprodução britânica e espanhola que terá logo a seguir estreia comercial nas salas nacionais. Um exemplo de um certo cinema europeu que tenta fazer chegar o terror a um público mais vasto. Não será com certeza um dos filmes mais amados desta edição.
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Estamos num ano em que o Serviço de Quarto, em que desfilam os títulos fora de competição, apresenta, por exemplo, o muito procurado Train to Busan, filme coreano de zombies dirigido por Sang-ho Yeon. Um drama de horror que se situa dentro de um comboio. Veio de Cannes com aclamação generalizada.
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Também no Serviço de Quarto está um dos filmes mais esperados: The Bad Batch, da irano-americana Ana Lily Amirpour, outro filme consagrado num festival de lista A, neste caso, Veneza. Uma obra com um elenco que mistura Keanu Reeves a Jim Carrey. Atenção também a La Región Salvage, do mexicano Amat Escalante, filme que no ano passado causou calafrios em festivais como os de Toronto e Veneza.
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Os fãs do terror devem ter estranhado o MOTELx não ter pescado A Ghost Story, do cineasta americano David Lowery, poética história de fantasmas que tem conseguido louvores enormes nos Estados Unidos. Outro dos títulos ausentes deste festival é o belíssimo It Comes at Night, de Trey Edward Shultz, exemplo de um cinema de terror psicológico da nova vaga. Seja como for, ambos têm distribuidor em Portugal e nem sempre é possível manobrar as datas de estreia.
Para o fim, há uma sessão de encerramento de luxo: It, do argentino Andy Muschietti, a nova versão para cinema da série It - Palhaço Assassino, de Stephen King. O filme promete ser um fenómeno de popularidade ainda maior do que Mama, o anterior filme do realizador, visto por muitos como o novo Guillermo del Toro.
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Para além das longas, as sessões competitivas do cinema português são sempre um dos pontos fortes do festival. Ao longo dos anos, o MOTELx revelou nomes que podem singrar no cinema de género português, mesmo contra muitos preconceitos. No cardápio estão subgéneros de terror, do revenge porn ao thriller psicológico passando pelo gore lusitano.
Sábado é também uma noite especial. Pela primeira vez, promove-se a It"s Alive - Maratona de Escrita Fora de Horas, onde o desafio lançado aos participantes é conseguirem escrever numa noite um conto de terror. O crítico Kim Newman, os argumentistas Filipe Homem Fonseca e Núria Leon Bernardo, o escritor Rui Cardoso Martins e o realizador Jerónimo Rocha ajudam numa sessão de speed-meeting. Mais uma vez, o MOTELx a inventar e bem...
No ano passado estiveram 18 250 espectadores, neste ano tudo indica que vão surgir mais lotações esgotadas.