O fantasma de Hillsborough ainda mexe vinte anos depois

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A maior catástrofe que já se viu num estádio britânico está prestes a completar duas décadas. Hillsborough já deu nome a filmes, documentários, canções e a vários livros desde que a 15 de Abril de 1989 este estádio da cidade de Sheffield ficou sob um estigma calamitoso. Um acontecimento evitável, tanto que obrigou a uma nova abordagem sobre a segurança e o comportamento dos adeptos no futebol inglês: elaborado na sequência do desastre, o relatório Taylor deu indicações para proibir barreiras entre os espectadores e o relvado nos recintos desportivos.

Porém, nada apaga este dia negro da história do Liverpool: Na tragédia pereceram 96 incondicionais adeptos da equipa mais representativa do Merseyside.

O embate com o Nottingham Forest, para a meia-final da Taça de Inglaterra, estava prestes a começar quando fora da bancada Leppings Lane cerca de cinco mil adeptos dos reds forçavam a entrada.

Para evitar escaramuças no exterior, a polícia deu autorização para abrir o portão C. Uma decisão inadvertida que fez afluir uma pequena multidão a uma zona já lotada. Muitos adeptos que já se encontravam na bancada inferior foram pressionados contra a vedação que os separava do relvado, morrendo por asfixia.

Em memória das vítimas a direcção do clube inglês sensibilizou recentemente a UEFA para o facto de não querer jogar nesta data a segunda-mão da final da Liga dos Campeões, frente ao Chelsea.

O sorteio ditou que o jogo se disputasse um dia antes, mas mesmo que assim não fosse, a entidade máxima do futebol europeu mostrou compreensão nesta matéria.

"Nas conversações com a UEFA (sobre a data do jogo) ficou clara a sensibilidade deles relativamente ao aniversário do desastre de Hillsborough", confirmou recentemente o director-executivo do Liverpool Rick Parry. Com efeito, o clube terá o dia do vigésimo aniversário exclusivamente dedicado a uma cerimónia em memória das vítimas. Entre estas encontrava-se o primo de Steven Gerrard, figura maior dos reds. O capitão do Liverpool dedicou-lhe inclusivamente a sua autobiografia, escrevendo: "Eu jogo por Jon-Paul." O fantasma ainda mexe... vinte anos depois.

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