O Factor WWW ou o sucesso pós-concurso

Nos últimos anos, cada vez mais concorrentes de "talent shows" conseguem lançar discos, dar concertos e vingar de alguma forma. Se paixão e determinação são importantes, a Net e as redes sociais têm sido fulcrais. Em vésperas do início de "Factor X", falámos com eles.
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Já lá vão dez anos desde que os talent shows de música se tornaram moda na televisão portuguesa. Nesta década, Operação Triunfo e Ídolos revelaram muitas caras, mas se nessa época eram raros os casos de concorrentes que alcançaram sucesso e longevidade, nos últimos anos, é cada vez mais normal candidatos (que nem chegaram a vencer) lançarem discos e darem concertos, podendo viver da música. Na semana em que estreia Factor X na SIC, neste domingo, importa ressalvar: se determinação e paixão pelas canções são importantes, as redes sociais tiveram aqui um papel importante na mudança deste paradigma. Quando as luzes e as câmaras se desligam, é importante deixar sempre os interruptores do Facebook e do YouTube ligados.

"A indústria da música cada vez mais se faz através das redes sociais. A grande forma de divulgação continua a ser a rádio, embora já não seja o que era. As redes sociais vieram acrescentar algo, se bem que também não façam milagres. Mas claro, hoje é mais fácil divulgar um disco. Os novos media dão um empurrão. O Richie Campbell, por exemplo, é fantástico e começou nas redes sociais", explica Manuel Moura dos Santos, empresário de espectáculos e jurado de Ídolos.

Na nova era digital dos likes e tweets, são vários os concorrentes destes programas que já conseguiram gravar discos e, com eles, cumprir um sonho. Filipe Pinto, Carolina Deslandes, Carlos Costa, já o fizeram e João SeiLá e Carolina Torres (com a banda The Girl in The Black Bikini) estão prestes a fazê-lo.

Filipe Pinto continua a ser uma das caras mais mediáticas de Ídolos. Venceu a terceira edição em 2010 e desde então estudou dez meses em Londres, lançou o disco de estreia há um ano, Cerne, teve os seus singles a tocar em alta rotação nas rádios, centenas de milhares de visualizações no YouTube, mais de 50 mil fãs na página oficial do Facebook e está nomeado pela MTV Portugal para Best Portuguese Act para os Europe Music Awards. Agora, prepara um projeto infantil multimédia ligado à prevenção ambiental e o segundo disco deve chegar para o ano.

"Durante os meses em que me ausentei, houve essa preocupação do esquecimento público, mas quis focar-me na formação. Há que mostrar trabalho e as redes sociais têm ajudado muito. Há dez anos era muito diferente. Hoje temos o Facebook, o YouTube, o Spotify, que ajudam a potenciar o nosso trabalho. Cada vez mais, não só quem venceu mas também quem participa nestes programas consegue credibilizar o seu trabalho e aproveitar as oportunidades. É imprescindível mantermos a ligação ao público, haver uma abordagem mais próxima, não só na internet como também nos concertos. Isso traduz-se numa maior fidelização", explica o artista.

Foi também há um ano que foi lançado o disco de Carolina Deslandes, terceira classificada no Ídolos 4, na SIC. A sua presença no Facebook (onde já angaria 55 mil fãs) e os temas que ia mostrando no YouTube foram fulcrais. Do álbum homónimo foi retirado o primeiro single, Não É Verdade, cujo teledisco já acumula um impressionante milhão de visualizações nesse site de vídeos. Entre outros feitos, atuou neste verão no festival Sumol Summer Fest.

Também João SeiLá espera meter-se à estrada assim que possível. O primeiro disco do finalista de Ídolos 5, Filhos da TV, é lançado já no dia 14, para alegria das 25 mil pessoas que o seguem no Facebook no último ano. "Nunca achei que pudesse chegar onde cheguei, aquilo deu-me vontade de lutar e encontrar o meu lugar. Ganhei coragem e gravei o disco", explica. "Sem dúvida que as redes sociais ajudam muito. Temos de tirar partido da internet. É como os noticiários da noite, é ela que agora divulga a informação, que a espalha", diz o jovem.

Carlos Costa, que deu que falar no Ídolos 3, tendo ficado em terceiro lugar, também lançou o seu disco de estreia, Raio de Sol, há dois meses. "A aceitação tem sido muito boa, as pessoas ficaram surpreendidas com o facto de cantar em português. Neste momento, já estou a trabalhar para fazer a estreia do álbum em palco", diz à NTV. E mais: já está até a gravar o segundo disco.

O ex-concorrente revela que, mais importante do que o trabalho feito para as câmaras, é o percurso que se faz depois de o programa terminar. "É preciso trabalhar muito e acreditarmos em nós próprios, porque mais ninguém o vai fazer, nem a SIC nem ninguém. Usar a exposição da TV por si só não chega. Chega para andar no shopping e ser reconhecido. Isso serve. Para te dar trabalho, não", conta Carlos. Perseverança e comunicação direta com o público são elementos-chave. "As redes sociais são muito importantes. Somos uma nova geração. Os concorrentes da Operação Triunfo e dos primeiros Ídolos não tiveram essa ajuda do Facebook e do YouTube e acabaram eventualmente por cair por terra. Nós alimentamos a ligação com o público, é mais fácil alimentarmos também uma carreira, mantém o interesse", explica.

Filipe Gonçalves, terceiro classificado da Operação Triunfo 1, há dez anos, sabe bem o que isso é. "Cada vez é mais fácil. As redes sociais determinam o futuro do artista. A net ajuda o público a não nos esquecer tão facilmente. Lembro-me de que após a OT criei um site, na altura foi um boom que me deu mais uma bomba de oxigénio com mais um ano de trabalho. Hoje já não compensa fazer um site, já é uma coisa de culto, basta ter uma página no Facebook", diz. O jovem, que prepara o lançamento do novo disco para 2014, lançou o primeiro dias após o concurso mas foi com o segundo trabalho, De Volta ao Tempo do Vinil, em 2011, que encontrou a sua sonoridade e recebeu o elogio da crítica.

Também Carolina Torres, que tem mantido presença assídua junto dos seus 116 mil admiradores no Facebook, esteve ligada à televisão desde o fim de Ídolos 3, mas decidiu finalmente gravar um disco, com a sua banda, The Girl in The Black Bikini, que deve sair em breve.

Luísa Sobral, que passou despercebida na primeira edição de Ídolos em 2003, tem arrebatado o público, as rádios e a crítica desde que lançou o seu primeiro disco, The Cherry on My Cake, em 2011. Já vai no segundo registo. Um percurso de sucesso que se deveu, em parte, à formação de vários anos que teve no estrangeiro, que a levou a amadurecer, mas também, como a própria já referiu em entrevistas, pela sua aposta e proximidade com os fãs nas redes sociais.

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