O extremista da 'Voz Alemã'
Holger Apfel ganhou notoriedade em finais de 2004 quando a sua lista do NPD conquistou 9,2 por cento dos votos na Saxónia e um grupo de 12 deputados no Parlamento estadual. Perante a hostilidade geral, Apfel reagiu no seu habitual tom provocatório e declarou tratar-se " de um grande dia para os alemães que ainda querem ser alemães". Passados poucos meses, este político de 35 anos voltava a ser notícia. Em Janeiro, quando o Parlamento da Saxónia se preparava para votar uma moção em memória de Auschwitz, cuja libertação ocorreu há 60 anos, os deputados do NPD abandonaram em bloco a sala, indignados com a recusa da sua proposta de serem também relembradas as vítimas do bombardeamento aliado de Fevereiro de 1945 sobre Dresden. Apfel exigia que o bombardeamento e os campos de concentração fossem considerados ao mesmo nível e falou mesmo do "Holocausto de Dresden". Muitas vozes pediram a ilegalização do partido, suspeito de simpatias pró-nazis, mas o processo não avançou por em 2003 uma anterior tentativa de ilegalização ter sido chumbada pelo tribunal constitucional. O NPD, liderado a nível nacional por Udo Voigt e com Apfel como número dois, esteve então à beira de ser ilegalizado, por a sua ideologia violar a Constituição, mas muitas das testemunhas eram agentes inflitrados da secreta e isso inviabilizou a condenação do partido. Actualmente com perto de nove por cento na Saxónia nas sondagens para as legislativas, mas sem hipóteses de entrar no Bundestag, o NPD parece ter apoio sobretudo entre parte da juventude da ex- -RDA, mesmo que "muitos não votem por afinidade ideológica, mas sim como protesto", como nota Ralf Redemund, do Dresdner Neueste Nachrichten. Apfel é detestado especialmente pelos ex-comunistas. Frank Adam, militante do PDS em Brautzen, cidade a meio caminho entre Dresden e a Polónia, vai mesmo ao ponto de declarar que "Hopfel devia ir-se embora. Não é de cá". Nascido em 1970 em Hildesheim, perto de Hanôver, Apfel terá vivido na sua cidade natal até aos anos 90.
L. P. F.