Os olhos brilham e a voz ganha novo alento, o senhor José conta-me da aldeia, da infância difícil mas saudosa, da pobreza, do campo, de andar aos pássaros e levar as vacas ao lameiro, dos lobos que também havia. Deixou Trás-os-Montes e foi para o Porto, depois para Lisboa, onde vive há 35, não, há 37 anos. "Ainda lá volto todos os anos, é a minha terra, o que é que eu hei de fazer?"..A história do senhor José, proprietário de um pequeno restaurante na Rua de Arroios, é igual a tantas outras, de migrações forçadas, da pobreza a que se foge e da cidade aonde se chega. Era assim e ainda vai sendo, por muito que o interior esteja deserto, há sempre alguém que ainda o vai deixando.."Fui-me fazendo a isto, à cidade, mas não sou daqui.".Uns deixam que a cidade os assimile, alteram a pronúncia e os modos, renascem, reinventam-se. Falam da aldeia como coisa longínqua, de uma outra vida antes desta. Outros, como o senhor José, como o Tiago de Coura, como o Nuno da Figueira, hão de passar a vida sentindo-se emprestados, recordando um lugar que talvez já só exista em sonhos, nas histórias e memórias contadas por quem partilhou o mesmo tempo e o mesmo espaço. Uns são de onde estão, os outros de onde nunca partiram. O senhor José explica: "A minha mulher gosta disto, do barulho e das luzes, mas eu, por mim, voltava para lá, se ao menos ainda existisse..."
Os olhos brilham e a voz ganha novo alento, o senhor José conta-me da aldeia, da infância difícil mas saudosa, da pobreza, do campo, de andar aos pássaros e levar as vacas ao lameiro, dos lobos que também havia. Deixou Trás-os-Montes e foi para o Porto, depois para Lisboa, onde vive há 35, não, há 37 anos. "Ainda lá volto todos os anos, é a minha terra, o que é que eu hei de fazer?"..A história do senhor José, proprietário de um pequeno restaurante na Rua de Arroios, é igual a tantas outras, de migrações forçadas, da pobreza a que se foge e da cidade aonde se chega. Era assim e ainda vai sendo, por muito que o interior esteja deserto, há sempre alguém que ainda o vai deixando.."Fui-me fazendo a isto, à cidade, mas não sou daqui.".Uns deixam que a cidade os assimile, alteram a pronúncia e os modos, renascem, reinventam-se. Falam da aldeia como coisa longínqua, de uma outra vida antes desta. Outros, como o senhor José, como o Tiago de Coura, como o Nuno da Figueira, hão de passar a vida sentindo-se emprestados, recordando um lugar que talvez já só exista em sonhos, nas histórias e memórias contadas por quem partilhou o mesmo tempo e o mesmo espaço. Uns são de onde estão, os outros de onde nunca partiram. O senhor José explica: "A minha mulher gosta disto, do barulho e das luzes, mas eu, por mim, voltava para lá, se ao menos ainda existisse..."