Durante a Guerra Fria, e sendo a França um dos países fundadores da NATO, a existência de um espião francês a colaborar com a Rússia era uma machadada na Aliança. Daí o destaque do DN dado a George Pâques na edição de 26 de setembro de 1963, sublinhando que os planos militares teriam de ser alterados..George Pâques, por seu turno, mostrou-se muito tranquilo quanto ao que tinha feito. "Limito-me a antecipar a história", cita o DN. Explica o jornal que o espião se mostrou muito à vontade, "como se estivesse nas reuniões mundanas e literárias, onde afirmava, citando Lenine, 'os russos ganharão a Europa a partir de África'"..Pâques foi professor em Nice e entrou para o governo francês, em 1944, para o Ministério do Mar, exercendo cargos diretivos em vários ministérios. Também esteve envolvido em campanhas políticas..Pertenceu ao serviço de informação do Estado-Maior da Defesa, tornou-se diretor do Instituto de Altos Estudos da Defesa Nacional e, em outubro de 1962, entrou para o serviço de imprensa da NATO..Foi preso em 1963 por espionagem a favor da Rússia e condenado em 1944. Em tribunal, provou-se que, entre 1944 e 1963, transmitiu informações vitais à KGB. Morreu em 1993, aos 79 anos.