O engenho, a criatividade e a diferenciação
Um dos grandes desafios de governação atuais, na minha opinião, prende-se com as questões demográficas. Vivemos num um mundo cada vez mais global, mais próximo, mais rápido e mais competitivo. Como tal, a necessidade de mão-de-obra, em particular a especializada, leva-nos a uma imperiosa fixação de recursos humanos e a uma criteriosa gestão de expectativas dos naturais e descendentes do concelho e também daqueles que nos procuram. A competitividade por recursos humanos impõe, a cada território, o engenho, a criatividade e a diferenciação necessárias na persecução desse mesmo objetivo.
Neste novo paradigma imposto pela pandemia, aspetos como o rendimento nos grandes aglomerados/centros urbanos, onde há maior concentração da oferta, serão, hoje, questionados, face a outros mais valorizados, tais como, a qualidade de vida, a proximidade e possibilidade de cuidados de saúde, a educação, o contacto com a natureza, com atividades ao ar livre, boa comida, facilidade na mobilidade, mas, e acima de tudo, segurança. Muitos daqueles que atualmente se pretendem fixar em territórios extraordinários, como é o caso de Óbidos, é, seguramente, por estas características anteriormente mencionadas.
De resto, as afirmações comprovam-se pelo crescimento da densidade populacional explanada nos últimos censos em 2021 com um aumento de quase 1,5 por cento em relação a 2011, contrastando com a tendência nacional.
Com vista a manter, e se possível aumentar esta tendência de fixação de população no concelho de Óbidos, em especial jovens famílias qualificadas, estamos altamente determinados em implementar um forte dispositivo de desenvolvimento económico, assente num tecido empresarial criativo e tecnologicamente evoluído, onde a inovação, a criatividade e a sustentabilidade são os principais motores deste desenvolvimento. A possibilidade, através da digitalização, de trabalhar em qualquer parte do mundo atrás de um monitor, permite esta flexibilização, sem recurso a presenças físicas, ou estruturas rígidas de trabalho.
Uma estratégia de habitação acessível assim como equipamentos de "apoio" às famílias, como creches, estruturas residenciais para pessoas idosas, espaços para famílias, atividades culturais, zonas verdes, entre outras, serão determinantes para complementar esta estratégia.
A demografia, sendo o maior desafio do País, exige uma articulação de políticas nunca vista. Todos os níveis de poder devem estar concertados. Os próximos tempos não serão, por isso, fáceis. Vamos todos competir por ter mais gente e, acima de tudo, gente capaz de levar as regiões e o País para a frente. Em contrapartida, caberá ao Estado fazer a sua parte. A existência de um Estado Social, independentemente do modelo, é também um grande desafio a ter em conta e que caminha, lado a lado, com a demografia.
Presidente da Câmara Municipal de Óbidos