O encontro do Douro com o Tejo no Pinhão
Jorge nasceu e cresceu no Douro; Sandra cresceu no Tejo, mas andou pelo mundo como voleibolista e modelo. Encontraram-se no Pinhão e juntaram a paixão pelo vinho e pela vinha
Jorge Serôdio Borges representa o Douro e Sandra Tavares da Silva o Tejo. Os dois grandes rios encontraram-se no Pinhão (o conhecimento deles, entenda-se). No final dos anos 1990, uma jovem enóloga e modelo chega ao vale do Pinhão para fazer um estágio de vindima. Rapaz conhece rapariga, o vinho e a vinha corriam-lhes nas veias. Casaram-se.
Conta Jorge: "Sou cá do Douro, apesar de ter nascido no Porto. As famílias do meu pai e da minha mãe viviam entre o Douro e o Porto. Cresci e vivi sempre aqui, de forma mais natural. Eram duas famílias de produtores de vinho do Porto sem nunca o terem engarrafado, porque há umas décadas o engarrafamento só podia ser feito em Vila Nova de Gaia. O avô Jorge Borges tinha sete quintas numa extensão muito grande, onde se incluíam a Quinta da Manoella, a Quinta do Fojo ou a Quinta do Roncão. O avô João Seródio era técnico, dos poucos na altura, e provador do IVDP [Instituto dos Vinhos do Douro e Porto] e da Companhia Velha. Também tinha uma quinta no Roncão."
"Trabalhei na Quinta da Manoella e na Quinta do Fojo com a minha irmã e, em 1996, com o curso de Enologia na UTAD [Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro], decido deixar de trabalhar em casa e ingressei na Niepoort", explica o enólogo.
"A Wine&Soul passou de ser o nosso projeto de fim de semana para ser o nosso projeto a 100%", avança Jorge, que mantém ainda duas colaborações de consultoria vinícola pontuais com amigos.
"O Jorge trabalhava na Niepoort e eu na Quinta do Vale de Dona Maria. Queríamos ter um vinho nosso e, em 2001, comprámos um armazém a uns primos do Jorge, em Vale Mendiz, que era onde queríamos ficar. No início, continuámos nas empresas em que trabalhávamos, mas agora estamos totalmente dedicados à Wine&Soul", pontua Sandra, que também mantém alguns projetos paralelos.
Mas Sandra já teve outras vidas. "Eu sou de Oeiras e tinha um fascínio de miúda de ser modelo", conta."Era muito alta [1,85 m] e jogava vólei desde os 10 anos. Só deixei aos 20 e tal, depois de acabar o curso na Faculdade de Agronomia de Lisboa. Sempre quis jogar pelo Liceu Sebastião e Silva e recusei por isso convites do Benfica e do Sporting, embora tenha representado a seleção nacional", conta.
"Tinha esse fascínio desde miúda e acabei mesmo por ser modelo. Os meus pais não gostavam nada, mas eu queria muito e só me deixaram porque me esforcei muito para tirar boas notas e entrar para Agronomia", recorda. "Tirei um curso de modelo com o Bryan McCarthy, perto do Teatro Inglês [junto ao Jardim da Estrela, em Lisboa]", explica.
"Gostava de desfiles, não tanto de fotografia. Entrei na Central Models e conciliava com os estudos. Sabia o que queria fazer, que é aquilo que faço, mas ainda desfilei dos 18 aos 30 anos e fiz a Moda Lisboa desde a primeira edição", conclui a engenheira agrónoma, que, como modelo, foi escolhida para apresentar coleções de grandes nomes da moda internacional, desfilou em Paris, Milão e em Nova Iorque representou Portugal no concurso Elite Model.