O efeito dominó

Marfim, osso ou madeiras escuras como o ébano deram forma aos primeiros dominós. Hoje, o que dá nas vistas são os chamados «dominós humanos» e o seu efeito espectacular.<br />
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As pessoas fazem coisas muito estranhas, mesmo quando sustentadas nas leis da ciência. Por exemplo, alinhar milhões de peças de dominó em filas quilométricas, para depois as verem desmoronar-se em questão de segundos, destruindo um trabalho que demorou semanas ou meses a concretizar. Será que a emoção entusiasta de construir só se completa no seu contrário, com consequências visíveis tanto na nossa história pessoal como colectiva? A ser assim, as peças pretas e brancas do dominó simbolizam na perfeição essa possibilidade, revertendo para outras dualidades tão opostas como complementares: a noite e o dia, a sombra e a claridade, o carvão e as nuvens, o ébano e o marfim, o yin e o yang, o mal e o bem...
Nunca ninguém comprovou - em tempo real - se o bater de asas de uma borboleta no Japão pode provocar um tufão no outro lado do mundo, mas a experiência do «efeito dominó», de certo modo equivalente, tem suscitado as mais excêntricas proezas. Em Agosto, mais de dez mil estudantes chineses juntaram-se para criar o maior dominó humano, numa sucessão de tombos planificados (e devidamente acolchoados) que instauraram um novo recorde no Guinness. Curiosamente, ou nem tanto assim, crê-se que terá sido na China antiga que surgiu o dominó, um jogo de mesa que associamos a dias, se não mais felizes, pelo menos mais tranquilos e menos competitivos. Em casa ou nos bancos de jardim, desperta lembranças do tempo em que o adversário não era eliminado fazendo pontaria a um alvo em movimento no ecrã e as regras do jogo eram simples. Como a televisão que transmitia um mundo a preto e branco.

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