Há muito, muito tempo que não se via um dia assim. Ontem, o País assistiu, em directo e ao vivo, não só ao regresso do Partido Social Democrata ao ambiente dos grandes congressos, ao vivo, em directo e a cores, mas também a um desfile de ex-líderes do partido. Não foi só Pedro Santana Lopes, desta vez. Foi ele, foi Marcelo Rebelo de Sousa, foi Marques Mendes e foi Luís Filipe Menezes. Se o primeiro habituou todos, ao longo dos anos, a dizer sempre o que pensa a partir daquele palco, os outros três regressaram pela primeira vez às reuniões magnas do partido desde o dia em que deixaram as respectivas lideranças..O regresso dos ex-presidentes do PSD aos congressos e ao palco mediático é um bom sinal para o maior partido da oposição. Significa, desde logo, que todos eles perceberam o momento decisivo em que o partido e o País se encontram. Mais, até: perceberam todos, ou quase todos, que chegou a altura de o PSD se assumir como alternativa ao Governo desgastado do Partido Socialista. Mas essa presença foi mais importante porque os quatro, sem excepção, apontaram não só pistas comuns para o futuro mas sobretudo porque deixaram um alerta conjunto: o apelo à união interna. Se não em torno de uma candidatura - porque a democracia interna levou a quatro -, que seja em torno do líder que venha a ser eleito no próximo dia 26. A lição parece simples. Mas tem sido a ausência dela, da unidade, que tem feito do PSD, desde há décadas, um partido quase autofágico e muitas vezes à deriva..Pela noite e madrugada fora, o congresso terá entretanto concentrado atenções nos candidatos, agora que acabaram as conversas sobre um eventual concorrente de última hora ao cargo - em Mafra, Marcelo garantiu que não entrava candidato nem saía candidato. Será assim, e bem, nas próximas duas semanas. Mas, como bem disseram Santana, Marcelo, Mendes e Menezes, será depois disso que se verá com que PSD ficará o País..Sarkozy: uma derrota anunciada. A França começa hoje a eleger 26 governos regionais, num escrutínio em que o partido do Presidente Nicolas Sarkozy (UMP) deverá sofrer uma importante derrota, devido ao sistema de duas voltas, que potencia os efeitos do voto de protesto, natural neste género de actos eleitorais..O Partido Socialista de Martine Aubray sonha com a vitória em todas as regiões do país (22 continentais e quatro nos departamentos ultramarinos franceses), mas as divisões internas do PS, sobretudo entre a direcção nacional e os barões regionais, não facilitarão este objectivo..Os eleitores tentarão votar contra a lógica de bipolarização de direita e esquerda e será necessário observar o comportamento da Europa Ecologia, uma formação que teve excelentes resultados na europeias e que está em crescimento..Na direita, a Frente Nacional luta pela sobrevivência e apaga-se nas sondagens..A UMP terá um mau resultado devido à quebra de popularidade de Sarkozy, que surge nos barómetros com 60% de opiniões negativas. O Presidente terá muito tempo para recuperar de uma derrota que se adivinha (as presidenciais serão em 2012), mas tudo dependerá da melhoria da economia e da redução do desemprego, um objectivo difícil.