O design hedonista de Marian Bantjes
Bantjes aproveitou a ocasião para apresentar o seu livro «I Wonder», editado pela britânica Thames & Hudson, onde a arte gráfica, pequenas reflexões, histórias, ensaios e fragmentos se juntam para completarem um conjunto onde o todo vale mais que a soma das partes, como se costuma dizer quando se fala de bom design.
Em conversa com o DN, Bantjes admitiu que o mote de AGI Open 2010 - "Process is the Project" (O Processo é o Projecto) - não se coaduna com a sua forma de trabalhar, de pensar o design. "Como o meu próprio processo é aborrecido, não me interessa conhecer o dos outros".
Irreverente na sua forma de abordar o design, tem uma visão sobretudo hedonista do mesmo. O importante é o prazer que dá "olhar para o trabalho". A autora considera-se mais artista visual do que conceptual. "Quando produzo uma imagem, tento perceber os problemas e como tornar interessante visualmente o trabalho".
Mas esse ênfase no visual não é, de todo, sinónimo de facilidade para quem vê. O universo em que Marian se move é o da complexidade, onde nada é a "preto e branco". Trabalha com coisas "que não são claras". O resultado final tem de ser "agradável e lúdico".
E não é com um primeiro olhar que se consegue captar toda a riqueza da sua estética. Não são obras "para se olhar só uma vez; são para tirar prazer sempre que se olha para elas". São, por isso, forçosamente, complexas.
Bom exemplo disso é o livro «I Wonder», recentemente editado. Inspirada nos livros de iluminuras da Idade Média, esta obra não é apenas de design ou sobre ele. Aqui também se contam histórias, reflecte-se sobre a vida, sobre a memória, sobre a estética.
O AGI Open, encontro organizado pela Alliance Graphique Internationale, já terminou as suas palestras e os workshops. Como derradeira iniciativa, vai inaugurar, sexta-feira, a exposição «Mapping the Process», no Palacete Pinto Leite (antigo edifício do Conservatório de Música do Porto). Poderá visitar-se até 10 de Novembro.