O design hedonista de Marian Bantjes

Designer e ilustradora, a canadiana Marian Bantjes é uma das artistas gráficas mais inovadoras da actualidade. Presente no AGI Open 2010, que se realizou na Casa da Música, no Porto, explicou apresentação por que não lhe interessa pensar no "processo" de trabalho: "o interessante é o resultado", defende.<br />
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Bantjes aproveitou a ocasião para apresentar o seu livro «I Wonder», editado pela britânica Thames & Hudson, onde a arte gráfica, pequenas reflexões, histórias, ensaios e fragmentos se juntam para completarem um conjunto onde o todo vale mais que a soma das partes, como se costuma dizer quando se fala de bom design.

Em conversa com o DN, Bantjes admitiu que o mote de AGI Open 2010 - "Process is the Project" (O Processo é o Projecto) - não se coaduna com a sua forma de trabalhar, de pensar o design. "Como o meu próprio processo é aborrecido, não me interessa conhecer o dos outros".

Irreverente na sua forma de abordar o design, tem uma visão sobretudo hedonista do mesmo. O importante é o prazer que dá "olhar para o trabalho". A autora considera-se mais artista visual do que conceptual. "Quando produzo uma imagem, tento perceber os problemas e como tornar interessante visualmente o trabalho".

Mas esse ênfase no visual não é, de todo, sinónimo de facilidade para quem vê. O universo em que Marian se move é o da complexidade, onde nada é a "preto e branco". Trabalha com coisas "que não são claras". O resultado final tem de ser "agradável e lúdico".

E não é com um primeiro olhar que se consegue captar toda a riqueza da sua estética. Não são obras "para se olhar só uma vez; são para tirar prazer sempre que se olha para elas". São, por isso, forçosamente, complexas.

Bom exemplo disso é o livro «I Wonder», recentemente editado. Inspirada nos livros de iluminuras da Idade Média, esta obra não é apenas de design ou sobre ele. Aqui também se contam histórias, reflecte-se sobre a vida, sobre a memória, sobre a estética.

O AGI Open, encontro organizado pela Alliance Graphique Internationale, já terminou as suas palestras e os workshops. Como derradeira iniciativa, vai inaugurar, sexta-feira, a exposição «Mapping the Process», no Palacete Pinto Leite (antigo edifício do Conservatório de Música do Porto). Poderá visitar-se até 10 de Novembro.

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