"Trinta mil mulheres desafiando blindados soviéticos encheram a Praça dos Heróis em Budapeste e prestaram homenagem aos patriotas mortos"..Foi com este título que o Diário de Notícias noticiou a manifestação pacífica ocorrida no dia anterior que assinalou a passagem de um mês do massacre provocado pelas tropas russas, que carregaram com 500 tanques contra os manifestantes húngaros em Budapeste, que tentavam derrubar o regime comunista no poder, aliado da URSS.."A manifestação feminina em honra dos maridos, irmãos e filhos que perderam a vida nos combates de Budapeste foi praticamente espontânea", escrevia o DN. "As mulheres, a maior parte com crianças pela mão, ou empurrando carros de bebé, convergiram sobre a Praça dos Heróis, no centro da cidade, onde está situado o monumento"..A sua marcha, prossegue o jornal, foi ainda "interrompida por dezenas de carros blindados soviéticos (...) que bloquearam as entradas da praça antes de as mulheres ali chegarem. Soldados russos, armados de pistolas metralhadoras, saltaram dos carros blindados e dos camiões e avançaram contra as mulheres que, como defesa, empunhavam apenas os ramos de flores".."Vejam estes russos -- gritou uma velhinha. -- Com armas na mão e cheios de medo. Nós não passamos de mulheres, cujas armas são os nossos filhos e as nossas flores. Não os tememos", pode ler-se ainda na notícia, que destacava ainda o facto de tratar-se de uma manifestação exclusivamente feminina. Tanto que, "quando um homem pretendeu juntar-se ao desfile, as mulheres empurraram-no"..No massacre de Budapeste de 4 de novembro de 1956 as tropas da URSS mataram milhares de civis e realizaram detenções indiscriminadas como forma de germinar a chamada Revolução Húngara, iniciada a 23 de outubro, que visava pôr fim ao regime comunista no país. A 10 de novembro, a intervenção soviética tinha posto um ponto final a qualquer aspiração democrática daquele seu estado satélite.
"Trinta mil mulheres desafiando blindados soviéticos encheram a Praça dos Heróis em Budapeste e prestaram homenagem aos patriotas mortos"..Foi com este título que o Diário de Notícias noticiou a manifestação pacífica ocorrida no dia anterior que assinalou a passagem de um mês do massacre provocado pelas tropas russas, que carregaram com 500 tanques contra os manifestantes húngaros em Budapeste, que tentavam derrubar o regime comunista no poder, aliado da URSS.."A manifestação feminina em honra dos maridos, irmãos e filhos que perderam a vida nos combates de Budapeste foi praticamente espontânea", escrevia o DN. "As mulheres, a maior parte com crianças pela mão, ou empurrando carros de bebé, convergiram sobre a Praça dos Heróis, no centro da cidade, onde está situado o monumento"..A sua marcha, prossegue o jornal, foi ainda "interrompida por dezenas de carros blindados soviéticos (...) que bloquearam as entradas da praça antes de as mulheres ali chegarem. Soldados russos, armados de pistolas metralhadoras, saltaram dos carros blindados e dos camiões e avançaram contra as mulheres que, como defesa, empunhavam apenas os ramos de flores".."Vejam estes russos -- gritou uma velhinha. -- Com armas na mão e cheios de medo. Nós não passamos de mulheres, cujas armas são os nossos filhos e as nossas flores. Não os tememos", pode ler-se ainda na notícia, que destacava ainda o facto de tratar-se de uma manifestação exclusivamente feminina. Tanto que, "quando um homem pretendeu juntar-se ao desfile, as mulheres empurraram-no"..No massacre de Budapeste de 4 de novembro de 1956 as tropas da URSS mataram milhares de civis e realizaram detenções indiscriminadas como forma de germinar a chamada Revolução Húngara, iniciada a 23 de outubro, que visava pôr fim ao regime comunista no país. A 10 de novembro, a intervenção soviética tinha posto um ponto final a qualquer aspiração democrática daquele seu estado satélite.