O curso "mais prestigiado" forma jornalistas com potencial
De hora a hora, o sino da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Avenida de Berna, faz-se ouvir. É assim que os milhares de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/Nova), situada do outro lado da avenida, sabem que está na hora de mais uma aula. E foi logo após uma dessas badaladas que, na semana passada, a Notícias TV acompanhou os alunos de Ciências da Comunicação até à sala de aula e foi perceber como é ensinada a técnica jornalística dentro das quatro paredes da FCSH.
"Para dominarem uma entrevista, têm de ter uma noção exata do que querem saber do entrevistado. Têm de colocar-se no lugar do espectador. Têm de elaborar uma entrevista com uma estrutura flexível, mas não podem deixar que o entrevistado se aproveite dessa flexibilidade para conduzir a conversa." De pé, em frente a uma sala cheia de curiosos, o jornalista da RTP José Rodrigues dos Santos deixou estas palavras no ar, levando os alunos a escrever de forma acelerada para conseguirem captar todas as informações.
E depois do toque de saída, o pivô do Telejornal da RTP, e professor de Jornalismo Televisivo naquela faculdade, veio receber-nos e mostrar os cantos à casa. "Tive agora uma aula teórica, de explicação sobre pontos da entrevista, do improviso, como é que se faz a locução ou a tipologia da imagem. Mas esta é uma cadeira que também tem uma forte componente prática", explicou. A sua principal preocupação enquanto professor, afiançou, é que "os alunos tenham conhecimentos para que cheguem a uma redação e possam ser encarados pela chefia como pessoas que têm potencialidades para crescer, porque já têm conhecimentos, já fizeram montagens de peças, já escreveram e, portanto, não é o primeiro contacto que têm com o jornalismo televisivo".
José Rodrigues dos Santos começou a dar aulas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em 1990. "Eu dou aulas há mais tempo do que trabalho na RTP. Comecei aqui em abril de 1990 e na RTP entrei em maio ou junho", contou, enquanto nos encaminhava para as instalações dedicadas às atividades práticas da licenciatura. E é por já ter uma longa experiência na área que o jornalista conhece o curso de Ciências da Comunicação como a palma da sua mão. "Este curso é o primeiro de comunicação social que existiu em Portugal. Foi fundado por Adriano Duarte Rodrigues em 1979. É o curso mais antigo, o mais prestigiado, é um dos cursos do país com média de entrada mais elevada. Normalmente, um aluno que quer estudar Ciências da Comunicação procura primeiro este curso e só se não der é que vai para outro", assinalou.
Este ano, foram 96 os inscritos no 1º ano da licenciatura em Ciências da Comunicação na FCSH/Nova. Daqui para a frente, todos os alunos serão "calejados" dentro das salas que a Notícias TV teve oportunidade de conhecer, entre elas o estúdio de televisão, o laboratório de jornalismo, o laboratório de edição digital e o de criação cinematográfica, todos eles artilhados com computadores, câmaras, luzes e outras tantas tecnologias indispensáveis à prática jornalística. E quando descobrirem o caminho que querem seguir profissionalmente, os estudantes podem optar por um dos quatro percursos que a FCSH disponibiliza: jornalismo; comunicação, cultura e artes; comunicação estratégica; ou cinema e televisão.
"Aprender com os melhores"
Vingar no mundo dos meios de comunicação, sobretudo na televisão, é um desejo partilhado pela maioria dos estudantes de Ciências da Comunicação da FCSH. Ana Carolina Mendes, de 20 anos, é uma delas. "O que mais me atrai é lidar com pessoas. Sendo este o melhor curso em Portugal, fez todo o sentido para mim aprender com os melhores. Não me imagino a fazer outra coisa senão a comunicar", sublinhou, não deixando de fazer referência às dificuldades que os jovens licenciados sentem em entrar no mercado: "Apesar de ser difícil ingressar nesta área específica, penso que com esforço e boa formação conseguirei concretizar o meu sonho", afirmou.
Além do interesse e da curiosidade pela prática jornalística, o que também une os estudantes é a esperança de vir a ter os seus nomes como referência na área, como aconteceu a vários jornalistas que conquistaram o seu diploma neste mesmo estabelecimento de ensino superior. Destacam-se, entre os mais conhecidos, Maria João Ruela, Ricardo Costa, Rodrigo Guedes de Carvalho, Vítor Moura Pinto, António José Teixeira, Graça Rosendo ou Rosa Maria Lima.