O castelo era a sua Xanadu

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O castelo gótico terá sido construído por Francisco Leitão nos últimos cinco anos, com sucessivos acrescentos. Para o "rei Ghob" era a sua Xanadu, a mítica propriedade de Citizen Kane no célebre filme de Orson Welles, a casa que o magnata da imprensa encheu de relíquias de vários cantos do mundo e estava sempre a aumentar. Na paisagem desolada de Carqueja o castelo de Francisco Leitão destaca-se com os seus anjos e querubins em pedra, o seu jardim com as figurinhas da Disney como a Branca de Neve e os anões, as réplicas de brasões medievais e as câmaras de vigilância nos torreões. Na parte de baixo fica a casa de Dina e o espaço da antiga sucata. O castelo começa agora a ser um ponto de interesse para curiosos. Carqueja mais não é do que um lugar perto de S. Bartolomeu dos Galegos (Lourinhã), com uma estrada e meia dúzia de casas de um lado e do outro, algumas antigas e térreas, outras vivendas de emigrantes para férias. Neste cenário, o castelo até arrepia mas os vizinhos nunca se assustaram com a excêntrica casa. "O Chico levou-me lá dentro uma vez e aquilo até estava muito bonito. Na sala tinha umas estátuas, um santo e uns quadros grandes", conta a "tia Lezía", uma das habitantes mais antigas de Carqueja. Uma estátua do padroeiro S. Lourenço no centro da aldeola, um elemento de culto, contrasta com o castelo gótico do culto rival e mais pagão do "rei dos gnomos". Ao longo dos últimos cinco anos, Francisco Leitão foi transformando a casa térrea dos avós humildes no castelo que é hoje. Chegou a dizer aos garotos que quis fazer um castelo em estilo medieval porque o avô tinha sangue azul. Um devaneio. O avô era trabalhador do campo.

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