O canto de Karyna Gomes sai da terra e à terra regressa

A cantora guineense apresenta Mindjer, o álbum de estreia, dia 27 no B.Leza, em Lisboa. A sua música mestiça vai das festas de família em Bissau até à sua fé. Importante, diz, é "que os nossos filhos estejam contentes connosco"
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Voltemos onde a história começa: as festas nos quintais de Bissau dos anos 80 e 90. Um quintal em particular: o dos tios-avós de Karyna Gomes, com quem foi criada no seio de uma família mestiça enquanto o pai, guineense, e a mãe, cabo-verdiana, trabalhavam.

Havia guitarras e o canto da terra. Do gira-discos ouviam-se as escolhas do tio-avô: "música latina, brasileira, norte-americana, pop, soul jazz e blues". Um primo que regressara de Cuba trazia "muita música afro-cubana". Dentro de casa, na sala, da Rádio Difusão da Guiné-Bissau, quase todo o dia ligada, soava música moderna guineense.

"Apesar dos pesares sempre aconteciam aquelas festas. Nas festas das famílias mestiças do sul a música é convidada principal, está sempre lá", conta a cantora de 38 anos ao DN. Por "pesares" refere-se, por exemplo, aos golpes de Estado que testemunhou numa Guiné já independente e às perseguições políticas ao pai, homem da frente na luta pela libertação.

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