o cânone ocidental num museu imaginário

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As proporções helénicas e a perspectiva renascentista, o sacro e o profano, as manchas expressionistas e a ruptura do cubismo, o perfeito e o destorcido, as paisagens realistas e o puro abstraccionismo, a celebração e o quotidiano, o claro-escuro esbatido e o brilho do ouro, o eterno e o efémero, a pose hierática das figuras e toda a gama de expressões do rosto, a homenagem e a crítica, a exuberância do barroco e a surpresa do surrealismo - encontra-se de tudo na vasta História da Pintura da Europa.

A arte dos pincéis italianos e flamengos, germânicos e anglo-saxónicos, ibéricos e gauleses foram criando, só nos séculos mais recentes, uma gigantesca galeria de tábuas e telas que se transformaram em referências obrigatórias para qualquer cidadão do mundo, mesmo para quem nunca saiu de Nova Iorque ou de Pequim.

As colecções do parisiense Louvre, do madrileno Prado, da londrina National Gallery; as obras que Florença expõe na Galleria degli Uffizi, Amsterdão mostra no Rijksmuseum, Viena exibe no Kunsthistorisches Museum; e ainda o imenso espólio que há em Roma e Berlim, em Bruxelas e Atenas, em Lisboa e São Petersburgo permitem a cada um fazer a selecção do seu próprio Museu Imaginário, para roubar a expressão que deu título ao livro de André Malraux.

Sem qualquer eurocentrismo, a verdade é que o mais pequeno dos continentes criou mais obras-primas que todos os outros juntos. No fundo, até é possível elaborar um cânone ocidental para a arte europeia idêntico, por exemplo, à longa lista que Harold Bloom elencou no domínio da literatura. E, procurando as afinidades ou sublinhando os contrastes, através de um critério cronológico ou numa arrumação temática, nenhuma das obras desta página poderia ser esquecida. São todas ícones da Europa.

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