O brexit e a Política Comum de Segurança e Defesa da UE
O resultado do referendo britânico, à primeira vista, implicaria um enfraquecimento dos meios militares da União Europeia (UE). No entanto, paradoxalmente, tal não acontecerá, pois em relação à Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD), os britânicos sempre tiveram, como veremos, muitas reservas. A PCSD surgiu na sequência da intervenção da NATO nos Balcãs, após se ter verificado a incapacidade da União Europeia de intervir militarmente nesse conflito, tendo em junho de 1999 no Conselho Europeu de Colónia, sido decidido que a UE devesse ter capacidade para desenvolver ações autónomas, devendo dispor de forças e meios militares, capazes de responder a crises internacionais. Posteriormente na Cimeira de Helsínquia em dezembro de 1999, foi estabelecido como objetivo de força a UE dispor de um Corpo de Exército, de sessenta mil homens, capazes de em sessenta dias, serem projetados num Teatro de Operações, em Operações que não de guerra, designadas por Petersberg, quando a NATO não estivesse envolvida como um todo. Esta última frase, que parece paradoxal na definição dum objetivo de força europeu, foi acrescentada a pedido dos britânicos, que nunca consideraram verdadeiramente que a UE, devesse assumir a sua Segurança e Defesa de uma forma autónoma, para não colocar em causa a NATO. Posteriormente os britânicos, pelas mesmas razões, opuseram-se à criação dum Quartel-General de nível estratégico na UE, objetando não haver necessidade de o criar, dado que a NATO já dispunha duma estrutura com essa capacidade na Europa, o SACEUR. Para além dos exemplos referidos, a maioria dos documentos relativos à PCSD, contém paradoxos semelhantes ao da definição do Objetivo de Força, sempre por vontade expressa dos britânicos, que lideraram sempre o grupo dos Estados atlantistas, dado que sempre quiseram estar com um pé dentro e outro fora da PCSD, nunca querendo colocar em causa a NATO, instituição que sempre consideraram essencial para a Segurança e Defesa do Ocidente.