O espaço vazio da antiga fábrica de cordas da avenida da Índia, em Lisboa, enche-se de arte nos próximos 10 dias. "Estão representados até os artistas independentes", conta Paul Mathieu ao DN, logo depois de ter entregue duas das suas três obras que estarão nesta feira. O pintor, belga, é um dos 100 artistas, oriundos de 25 países, cujo trabalho se poderá ver a partir de hoje, às 19.00..O festival é ele próprio uma importação, com o selo da Fundação Pública de Apoio à Cultura de Moscovo e da Fundação World Without Borders (WWB)..Paul Mathieu está representado pelo CNAP - Clube Nacional de Artes Plásticas, uma das galerias em exposição, e expõe três novos quadros, que mostrou ao DN dias antes da inauguração no seu atelier. Para um deles foi encontrar inspiração nos samurais dos filmes do cineasta japonês Akira Kurosawa, uma referência para o artista, de 62 anos. "São muito importantes", conta, num português escorreito, apenas traído pelo "erres" carregados, que denunciam a origem francófona..Vive em Portugal há 37 anos. "Na altura em que vim, a Bélgica era um país extremamente conservador em termos de artes e em termos sociais", explica. A primeira visita aconteceu meses antes do 25 de Abril, a segunda três dias depois da revolução. "O passaporte ainda tem o carimbo das Forças Armadas". "Apaixonei-me de imediato pelo país, encontrava sempre alguém com quem falar". Assentou arraiais em Portugal em 1979..Quando chegou a sua pintura não era abstrata como é hoje, embora já pintasse. Mostra os primeiros trabalhos, mais figurativos, e ri-se: "Não tem nada a ver"..No atelier está rodeado de obras. Suas e de outros, que comprou ou trocou. Mas a presença mais forte é a de um manequim de loja, "a musa inspiradora" com dezenas de bisnagas de tinta vazia aos pés. "Faz companhia e não fala", ri-se, mais uma vez..Leia mais na edição impressa ou no e-paper do DN