O barranquenho já tem suporte legal. mas o português de Olivença não... porquê?
Haja alegria por mais um passo dado no reconhecimento de culturas locais como um valor a preservar! O barranquenho foi reconhecido, na Assembleia da República, por unanimidade, como um dialeto que "deve ser conservado". Desta forma, passa a ser considerado como um bem de interesse cultural com o direito a ser cultivado e promovido. Estabelecem-se mesmo medidas para o proteger, promover e valorizar.
Qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade cultural verá nesta novidade algo de positivo. E, todavia...
Todavia, uma contradição salta à vista. Numa região bem definida, que a seguir se identificará mas que não fica longe de Barrancos, subsiste um falar português alentejano, com algumas marcas próprias. Teimosamente. Numa resistência de duzentos anos. Ou resiliência, como está na moda dizer-se. As autoridades locais buscam atualmente promovê-lo. Há mesmo, o que é mais controverso, quem defenda ser esse português algo de razoavelmente diferenciado, e não faltou uma empresa portuguesa, de Campo Maior, que se ofereceu para o divulgar.
Não é muito difícil perceber que se está a falar da região de Olivença (incluindo o novo concelho de Táliga).
O que será preciso para órgãos de soberania portugueses, incluindo a Assembleia da República, deram alguma atenção a esta realidade?
Note-se, como curiosidade, que, a nível de Estado, Portugal considera haver ali um problema de definição de soberania. Então... porquê tanto silêncio?
Olivença precisa, pelo menos culturalmente, que o Estado português lhe dê a mão. E, já agora, que a comunicação social não silencie tudo o que por lá se passa. Que critérios se podem aferir?
Viva, pois, o barranquenho. Mas viva o português de Olivença!
Professor de História