O ano em que a Lava-Jato faz tremer os poderosos. E Lula arrisca ser preso
As duas metades do Brasil, a que idolatra o mais popular presidente da história do país e a que o abomina, unem-se na mesma pergunta: Lula será preso em 2016?
Depois de no mensalão o então inquilino do Palácio do Planalto ter saído incólume de um escândalo que consumiu a carreira política do seu braço direito José Dirceu, no petrolão Lula já foi ouvido pela polícia. Por isso, a pergunta surgiu com razão de ser em 2015. E vai marcar 2016.
"A qualquer momento as delações premiadas podem atingi-lo mas, nesse caso, o lulismo reagirá com mais ardor do que nunca, se calhar com alguma razão, àquilo a que chama de golpe de Estado", diz ao DN o colunista da Folha de S. Paulo Marcelo Coelho.
Na cadeia, além de novamente Dirceu, estão agora o empresário José Carlos Bumlai, a que a imprensa brasileira atribui, justamente ou não, o epíteto de "o amigo de Lula", Vaccari Neto, tesoureiro petista, Marcelo Odebrecht, construtor civil símbolo da era Lula, André Esteves, banqueiro que ascendeu no lulismo, e Delcídio do Amaral, senador petista. O cerco aperta-se, dizem as duas metades do Brasil - uma esperançosa, a outra preocupada.
Além disso, Lula também já foi ouvido no âmbito da Operação Zelotes, um caso de fuga aos impostos de grandes empresas que se podem ter beneficiado de emendas a projetos de lei assinados por si, e é investigado num processo de suposto tráfico de influências internacional a favor da construtora Odebrecht.
Mas ver a Operação Lava-Jato pelo ângulo de Lula é reduzi-la ao nome mais mediático. São mais de 50 congressistas sob investigação, entre eles os presidentes das câmaras legislativas, Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Até o "vice" Michel Temer já foi citado por delatores. E entre os "donos do PIB" são raros os que se sentem confortáveis.
"Para a fina flor do andar de cima, governar Dilma, Temer ou Cunha são asteriscos, o perigo, inédito, está na Lava-Jato", escreve o colunista de O Globo Elio Gaspari. "O Brasil teve muitos sacolejos mas nunca a oligarquia se viu, como agora, ameaçada nos seus métodos".
Em São Paulo