Frida Kahlo é a figura tutelar, com a tela As Duas Fridas em lugar de destaque no pavilhão oficial do Parque Ferial Juan Carlos I. Gabriel Orozco leva as suas obras inspiradas no conceito de jogo ao Palácio de Cristal, dependência do Museu Reina Sofia. E, no Centro Cultural Conde Duque, jovens artistas mostram o que valem no campo das instalações e dos projectos de arte electrónica. O México é este ano o país convidado da Arco - Feira Internacional de Arte Contemporânea - cuja 24.ª edição se inaugura hoje em Madrid com 292 galerias -, e parece não querer desperdiçar a oportunidade para exibir a sua vitalidade criativa..Com um ambicioso programa de exposições e eventos (e sem descurar a gastronomia ou a promoção turística), o México divulgará obras de mais de 250 artistas, aproveitando para se projectar internacionalmente como país de arte e cultura. "Longe de sofrer uma perda de identidade na era da globalização, a arte contemporânea que se faz no México é fruto do diálogo integra- -se e resiste; assume e questiona; é profundamente crítica do sistema e daí resulta um mecanismo positivo de reflexão e análise", escreve no programa Sari Bermúdez, presidente do Conselho Nacional para a Cultura e as Artes daquele país..participações. A Arco de 2005, que abre amanhã ao público (hoje o dia é reservado a profissionais e coleccionadores), decorre até ao próximo dia 14 e conta com o maior número de galerias de sempre, sendo 205 delas estrangeiras - entre as quais, 17 mexicanas e alguns representantes de países do Leste (há dois stands russos, um da Eslovénia e outro da Estónia), China, Coreia, Cuba, Etiópia, Japão, Líbano ou Tailândia (países com uma ou duas galerias na feira)..Portugal está presente com 15 galerias, apoiadas, com 2500 euros cada, pelo Ministério da Cultura 111, Ara, Arte Periférica, Bores & Mallo, Cristina Guerra, Filomena Soares, Graça Brandão, Jorge Shirley, Lisboa 20, Mário Sequeira, Pedro Cera, Pedro Oliveira, Porta 33, Presença e Quadrado Azul..Para o programa Project Room, que conta com 32 novas propostas artísticas, foram também seleccionadas as galerias Cristina Guerra (com Experiência de Cinema, da brasileira Rosângela Rennó), Filomena Soares (obras de Francisco Queirós) e Graça Brandão (instalação da artista irlandesa Orla Barry). Já no campo das publicações a única presença nacional é a Mimesis, editora portuense dedicada à arte contemporânea..especialização. Com a meta dos 200 mil visitantes ultrapassada em 2004, a Arco aposta, cada vez mais, no público especializado e em programas paralelos a cargo de curadores estrangeiros. Objectivo conquistar um terreno liderado, em termos de prestígio internacional, pelas feiras de Basileia e Miami..The Black Box@Arco, uma nova secção destinada à ciberarte e arte multimédia, é mais um passo nesse sentido. Tal como o convite feito a dez críticos e especialistas de vários países para comissariar o programa de arte emergente Novos Territórios, que nesta edição inclui também as secções ArcoLatino, 2OSLO5 e Painting Only, selecções que dão conta do panorama criativo na América Latina, países nórdicos e Londres..Pelo terceiro ano consecutivo, vai realizar-se o Fórum Internacional de Especialistas em Arte Contemporânea, que juntará cerca de 200 coleccionadores, artistas, directores, conservadores e comissários de vários museus. Um ciclo de 15 conferências para debater questões sobre a arte e crítica de arte, as bienais, coleccionismo e património artístico, feminismo ou propostas editoriais experimentais. .Outra novidade é a integração da dança contemporânea no programa da feira, com Shed*Light, uma a performance do galês Marc Rees apresentada em colaboração com o V Festival da Cena Contemporânea, organizado pela Comunidade de Madrid. E, tal como nas edições anteriores, a arquitectura foi também convocada - os projectos de arte efémera incluem o espaço Black Box e Casa México, bem como os Chill Outs, que este ano se afastaram dos stands, após críticas dos galeristas a estas zonas de descanso que, de tão concorridas, dificultavam a circulação e o negócio..Entre Picassos e jovens artistas, a feira volta a agitar Madrid, estendendo-se de novo às ruas com intervenções no Passeio de Recoletos ou na fachada da Casa da América.