O álbum português mais caro em vinil é agora reeditado em CD
Os Petrus Castrus, com vida pública entre 1971 e 79, foram um dos raros grupos do rock português de 70 que chegaram a gravar álbuns e a gozar alguma visibilidade no seu tempo. Pedro Castro, o líder histórico do grupo, não tem explicação para o facto de Mestre (álbum de estreia, de 1973) se ter transformado no mais raro e caro dos álbuns de música portuguesa no circuito de coleccionismo internacional. "Cheguei a ver o disco a 500 euros", disse ao DN sobre a edição em vinil, original, lançada pela Sassetti. O disco, agora, regressa aos escaparates na sua primeira edição em CD.
"Há tempos fiz uma incursão na Internet, e apercebi-me que há coleccionadores fanáticos que pagam estas somas por este disco, em vinil", exclama o músico. E de facto assim é. Em feiras do disco, à escala internacional, Mestre é um dos discos portugueses mais disputados, juntamente com outras raridades como Dez Mil AnosDepois Entre Vénus e Marte, de José Cid ou Ascensão e Queda, também dos Petrus Castrus, ambos de 1978. Este último teve já edição em CD, assegurada por um editor sul-coreano. "Não tínhamos a menor ideia onde gravitávamos, mas existe um conjunto de admiradores, que nunca foi sequer fomentado", sublinha Pedro Castro.
Mestre surge em CD pela primeira vez, devolvendo aos escaparates das discotecas um dos raros álbuns de rock do Portugal de inícios de 70. "O Nuno Rodrigues [da CNM e que, em 1978, foi produtor de Ascensão e Queda] tem a trabalhar com ele o João Carlos Calixto, um estudioso da música, que lhe falou dos Petrus Castrus", relata. Fizeram-se os contactos. "Por sorte, eu tinha as fitas magnéticas originais e a reedição não teve de ser picada do vinil", acrescenta. "Ouvir de novo isto, revigorou-me", confessa. "Havia aqui, do ponto de vista plástico, um conjunto de intenções interessantes, e que sobreviveram ao tempo. O próprio José Fortes [técnico que remasterizou a edição] disse que ouviu este disco com um agrado que não estava à espera".
"Isto, na altura, foi o resultado do trabalho de miúdos sonhadores, mas com uma força anímica brutal", explica. Os Petrus Castrus eram uma banda "irreverente" e, de certa forma, "diferente", como descreve o seu mentor. Foram alvo de atenção da censura antes de 1974, mas o próprio Pedro Castro, em pessoa, foi ao CNI e voltou com a autorização de edição nas mãos. O pós-25 de Abril também não foi fácil, lembrando o músico que, na altura, os "baladeiros" eram quem tinha visibilidade e prioridade. A reedição de Mestre devolve o nome, esquecido, às atenções. |