O 'punk' dos Sex Pistols chega hoje a Portugal
Tiveram uma existência curta mas incendiária. Em 1975 foram gatilho para a revolução punk em território de Sua Majestade, mas os ecos ouviram-se por todos os cantos do mundo até aos nossos dias. Em Paredes de Coura , assiste-se a um momento histórico. Os Sex Pistols regressaram em 2007 aos palcos para comemorar o 30.ª aniversário de Never Mind the Bollocks... Here's The Sex Pistols e esta noite aterram na praia fluvial do Taboão. Se tudo correr bem (para já, a venda de bilhetes confirma as enchentes da digressão), Johnny Rotten, Steve Jones, Paul Cook e Glen Matlock (no lugar de Sid Vicious) - a formação original da banda -, vão instalar o caos no belo anfiteatro natural do festival .
Never Mind The Bollocks pode até ter sido o único álbum dos Sex Pistols, mas fez soar temas ainda hoje tão familiares como Anarchy in the UK e God Save the Queen. Canções que fizeram sentido há 30 anos, ainda com a férrea Margaret Thatcher no poder, e que, acredita Rotten, continuam actuais em tempos onde "crise" é a palavra incontornável. A única diferença, diz, é que as pessoas já não se revoltam, "estão aborrecidas com a confrontação e isso é ridículo".
O grupo original separou-se em 78, após uma digressão pelos Estados Unidos, mas três anos foram mais do que suficientes para abalar os bons costumes com actuações violentas e palavras de ordem nada politicamente correctas (God Save the Queen foi banido pela BBC, mas foi o segundo single mais vendido no ano em que se comemorava o jubileu de prata da Rainha - há teorias sobre manipulação das tabelas para evitar embaraços). Já sem Sid Vicious, que morreu de overdose, voltaram a juntar-se em 1996, em 2003 e 2007.
O reencontro (Rotten não gosta das expressões reunificação ou reunião, diz que apenas se juntam de de tempos a tempos, quando lhes parece certo fazê-lo) no ano passado não aconteceu apenas pelo aniversário de Never Mind The Bollocks, mas por ter sido aquele que celebrou, em Inglaterra, os 30 anos do punk. Concluíram que as novas bandas eram "medíocres" e davam "uma ideia errada do punk", pelo que decidiram voltar e "esclarecê-los". "É isso mesmo que estamos a fazer", afiança Rotten, com palavras ácidas para alguns dos supostos herdeiros da sua revolução, como os Greenday: "Nada de original. São como o velho queijo gorgonzola dentro de botas velhas."
Relatos dos cinco concertos na Brixton Academy, Londres (deviam ter sido três, mas esgotaram num ápice), referem punks entre os 40 e 50 anos, mas também miúdos de 15 com o cabelo espetado, figurino que deve repetir-se no ambiente rural do festival minhoto. Aqui, deram "algum trabalho" as suas preocupações com a segurança. Mas sem grandes exigências a não ser um carro topo de gama que os transportará do Porto até ao festival (estão secretamente hospedados num hotel que eles reservaram), conta José Barreiros, da Ritmos: "Apesar da idade, continuam com atitude punk. Não são estrelas de Hollywood, mas do rock n' roll."|