O 'Mourinho' do Monte de Caparica

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Tem apenas 24 anos, mas já é considerado um "líder" de balneário de fazer inveja aos colegas mais credenciados. Entre os jogadores é apelidado de "Zé Mourinho", mas Ricardo Santos recusa pôr-se em bicos dos pés. Apesar de no segundo ano como treinador do Monte de Caparica Atlético Clube estar a uma escassa vitória de festejar a passagem à liguilha de acesso à I Divisão Distrital de Setúbal. Se domingo bater o Banheirense, já está.

Terça-feira foi dia de palestra antes do treino. As palavras do técnico ficaram entre as quatro paredes do balneário. Afinal, até no mais puro amadorismo, em plena segunda divisão do distrital, há segredos que convém guardar a sete chaves. Mas após dez vitórias e um empate que dão uma confortável vantagem de nove pontos sobre o Beira-Mar de Almada, segundo classificado, Ricardo Santos revela o que diz habitualmente aos jogadores: "Eu posso começar a ser conhecido, mas não é por aquilo que faço durante a semana. É por aquilo que eles fazem aos domingos. São eles que decidem se eu fico por aqui ou se vou mais longe."

E se depender do ponta-de-lança, já com dez golos marcados, Ricardo está garantido. Steve, que o técnico foi buscar ao Trafaria, promete "pé quente" para o que resta de prova. "Quero ajudar o treinador, porque ele tem sido impecável a motivar a equipa. Eu já passei por clubes com mais currículo, mas isto aqui é especial. Todos nos sentimos muito bem."

O jovem técnico assume que o segredo do êxito foi ter conseguido levar para o plantel "gente amiga", como o próprio Steve, de quem foi adversário em campo durante mais uma década nas camadas jovens - são da mesma idade. Os novos jogadores foram colmatar algumas lacunas da época passada, na estreia de Ricardo Santos como treinador principal do clube onde jogou a guarda-redes durante 16 anos.

"Na época passada ficámos a um golo da subida", lamentou, para logo recordar que o seu compromisso era atingir o quinto lugar. "Mas com a equipa deste ano somos muito fortes e os resultados estão dentro daquilo que projectámos", assume, alertando para a "força do balneário", embora a única recompensa seja uma bifana e um sumo no final dos jogos. Quer percam ou ganhem.

Mesmo com os pés assentes na recentemente inaugurada relva sintética do campo de jogos Rocha Lobo, Ricardo não resiste em subir a fasquia para próximas épocas e já consegue imaginar os caparicanos a disputarem o campeonato nacional da III Divisão, escalão onde o clube já militou ao longo dos 75 anos de existência.

Ricardo Santos recorda com sentido orgulho os nomes de Sandro e Puma, dois jogadores da cantera do Monte de Caparica que um dia deram o salto para o Vitória de Setúbal, como que a lembrar aos "seus pupilos" que também eles poderão aspirar a outros voos.

Mas a grande figura a vestir as cores "azuis e brancas" foi Vítor Batista. O técnico admite que o ex-benfiquista "já estava no final da carreira", embora isso não anule o seu orgulho: "Não é qualquer um que tem uma estrela dessas no currículo."|

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