O "Rei dos Gazeteiros" tem uma sucessora. Chama-se Choné e é uma ovelha
"Uff... Nunca pensei nisso. Agora já não vou conseguir trabalhar", dispara o realizador Mark Burton, risonho, sobre a responsabilidade de criar uma personagem que fica para sempre no imaginário das crianças como é o caso da série de animação "A Ovelha Choné", uma criação dos estúdios Aardman que apareceu há oito anos na televisão e chega na quinta-feira, dia 3, ao cinema em versão longa-metragem.
Para quem não está familiarizado com este perspicaz exemplar ovino que cresce no countryside inglês: não há diálogos, apenas sons e música. Aliás, é com uma canção que o filme começa - Feels Like Summer, cantada pela voz dos Ash Tim Wheeler e composta por Ilan Eshkeri e Nick Hodgson (ex-Kaiser Chiefs).
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A letra leva-nos aos tempos felizes em que o dono da quinta tratava o gado com ternura e tempo. O peso da rotina abate-se sobre o rebanho e Choné - Shaun, no original - sonha com um dia de folga, montando para isso um ambicioso plano que deveria começar à beira da pisicina mas vai terminar na grande cidade, com uma amnésia e um cruel inspetor de animais que põe o rebanho em perigo. É essa a história de Ovelha Choné - o Filme, animado nos últimos três anos nos estúdios Aardman, em Bristol, os mesmos de A Fuga das Galinhas (2000) e Wallace & Gromit (2005).
Shaun aprendeu com o "Rei dos Gazeteiros", "uma personagem em torno de quem o mundo gira", afirma Burton, em entrevista ao DN, ao lado de Richard Starzak, no cinema S. Jorge, em Lisboa, em março, à margem do festival de animação Monstra, onde o filme estreou.
"Quando estávamos a trabalhar na primeira série, como não tínhamos diálogos, tínhamos de a rodar de forma cinematográfica. À medida que o tempo passava, vimos precisavamos mais de espaço para contar a história", diz Starzak, conhecido como Golly, explicando como a série virou filme.