Nyusi garante à Renamo que respeita negociações de paz

Presidente moçambicano diz que também os guerrilheiros ligados ao partido da oposição querem sair das matas
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O presidente moçambicano defende que os consensos alcançados nas negociações de paz com a Renamo devem ser respeitados.

Filipe Nyusi considera que os guerrilheiros do braço armado do maior partido de oposição em Moçambique têm vontade de sair das matas.

"Eles também querem a paz, querem viver livremente", disse no domingo o chefe do Estado moçambicano, falando num comício em Maxixe, no final de uma visita de trabalho à província de Inhambane, sul de Moçambique.

Segundo Nyusi, o processo de desmilitarização e reintegração dos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) é irreversível e vai decorrer dentro do "espírito dos consensos alcançados" nas conversações que manteve com o falecido líder do partido de oposição.

Afonso Dhlakama morreu devido a complicações de saúde na Serra da Gorongosa, numa altura em que tanto ele como o presidente moçambicano davam sinais de estar perto de um entendimento para a paz, num compromisso que tanto Nyusi como a Renamo já disseram manter.

Além da descentralização de poder, tema em que as partes já encontraram consensos e têm um documento para revisão da Constituição a ser analisado pela Assembleia da República, as negociações entre a Renamo e o governo moçambicano têm como segundo ponto a desmilitarização, desmobilização e reintegração do braço armado do partido de oposição.

Depois de Inhambane, Filipe Nyusi seguiu para a Zambézia, onde vai visitar durante quatro dias os distritos de Mulevala, Namarrói, Molumbo e Milange, segundo comunicado à imprensa.

Na visita de trabalho à província da Zambézia, o presidente moçambicano está acompanhado pelos ministros do Interior, Basílio Monteiro, da Educação e Desenvolvimento Humano, Conceita Sortane, dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, e da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Joaquim Veríssimo.

Na semana passada, o secretário-geral da Renamo tinha afirmado, por seu lado, que o diálogo de paz com o governo "está a fluir", considerando que a mudança do líder interino do partido para a Serra da Gorongosa demonstra a existência de um compromisso com os ideais do falecido presidente do partido da oposição.

"O diálogo com o presidente moçambicano está a fluir. É verdade que é um processo complexo e que exige calma e paciência, mas o processo está a andar", declarou Manuel Bissopo, citado pelo canal privado STV, sem avançar mais detalhes sobre o processo.

Segundo Bissopo, a mudança do líder interino da Renamo, Ossufo Momade, para a Serra da Gorongosa é uma demonstração de compromisso com a paz.

"É uma demonstração clara de que somos fiéis àquilo que o nosso comandante em chefe decidiu: trégua sem limites, paz e estabilidade do país", acrescentou Bissopo.

Momade vai residir na mesma base onde viveu Dhlakama, de finais de 2015 até morrer, no dia 3 de maio.
A deslocação do líder interino da Renamo foi anunciada no início do mês pelo porta-voz do órgão máximo daquele que é o principal partido da oposição em Moçambique.

"Aqui é o lugar onde me sinto bem, agora que estou a coordenar a Comissão Política da Renamo. Estando na posição em que estou, na cidade não há segurança", refere Momade, escreveu na semana passada Momade no semanário Canal de Moçambique.

"Preferi vir para aqui e passar a viver com os meus colegas. Aqui sinto-me mais protegido", acrescentou.

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