Nuvens no céu do desconfinamento

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Os portugueses apanharam o primeiro balde de água fria logo nas primeiras horas do desconfinamento, com a suspensão da vacina da AstraZeneca. Os efeitos secundários, como os episódios de tromboembólicos, deixaram uma dezena de países europeus em estado de alerta e a cancelar a administração de doses desta farmacêutica, e Portugal seguiu o mesmo caminho. Esta decisão vem provocar um atraso de, pelo menos, duas semanas no plano de vacinação, o que faz que a primeira fase vá derrapar até final de abril. São 80 mil as pessoas que ficam em fila de espera, e nem os professores conseguirão proteger-se no rearranque do ensino presencial.

A boa notícia é que Portugal registou ontem o número mais baixo de internados, desde 13 de outubro: 955. Outra boa nova: o R(t) não subiu, mantém-se igual ao do dia anterior. Ainda assim, a pandemia não dá tréguas e o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde indicou nesta terça-feira que foram registadas mais 13 mortes e 384 casos em 24 horas. São números baixos que refletem ainda o efeito do confinamento e do dever de recolhimento e que terão tendência a subir à medida que a reabertura do país for avançando.

Agora, importa acelerar a vacinação recorrendo a outras farmacêuticas. A União Europeia já anunciou que vai ter mais 10 milhões de doses da vacina da Pfizer para serem entregues antecipadamente durante o segundo trimestre. O acordo global entre a Comissão Europeia e o consórcio Pfizer/BioNTech permite ter disponíveis 200 milhões de doses da vacina contra a covid-19, de abril e junho.

O combate à infeção pelo SARS-CoV-2 ditará a forma como a Europa sairá desta crise e recuperará forças a nível económico e social. Ontem, o ministro português das Finanças, João Leão, presidiu à reunião do Ecofin (conselho constituído pelos ministros da Economia e das Finanças dos Estados membros da União Europeia) e afiançou que "existe consenso de que não podemos tirar apoios à economia demasiado cedo". Com a vacinação a atrasar-se é fundamental que este "consenso" perdure.

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