Nuno Lopes nega ter drogado e violado cineasta americana. "Estou de consciência tranquila"
A realizadora e guionista norte-americana Anna Martemucci, conhecida como A.M Lukas, instaurou um processo judicial contra o ator português Nuno Lopes, no qual acusa-o de a "drogar e violar" há 17 anos. A ação judicial deu entrada na segunda-feira no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o distrito Leste de Nova Iorque, avança o Daily Mail.
"Sou moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos de que me acusam", afirma o ator, numa declaração emitida esta terça-feira, negando todas as acusações de que é alvo. "Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias. Nem hoje nem há 17 anos", reforça Nuno Lopes.
O ator diz que recebeu "com surpresa e choque uma carta vinda dos Estados Unidos por parte dos advogados de A. M. LUKAS", a acusá-lo de ter drogado e violado a cineasta norte-americana há 17 anos, pedindo-lhe "que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas". "Rejeitei ambos", informa.
"Estou de consciência absolutamente tranquila, mas ciente das consequências gravíssimas que este caso representa. E de como a minha decisão de recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal aporta consequências para a minha reputação quer pessoal quer profissional", prossegue Nuno Lopes no comunicado.
O ator e DJ português quer ainda "deixar bem claro": "Refuto todas as acusações que me são feitas, que espero que este caso seja prontamente esclarecido e julgado justamente pelas autoridades competentes e que nunca terei medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa que tente difamar o meu bom nome".
Na ação judicial, A.M Lukas acusa o ator e DJ português de a ter drogado e violado a 28 de abril de 2006, após um evento no âmbito do Festival de Cinema de Tribecca.
A.M. Lukas relata que na festa de estreia de um filme, o seu corpo "começou a ficar estranhamente pesado", pouco tempo depois de ter conhecido o ator português. A realizadora acusa-o de a ter drogado, tendo em conta que guarda poucas memórias dessa noite.
A cineasta refere-se às "poucas e horríveis recordações fragmentadas dessa noite" e lembra-se de um momento em que o ator português terá segurado nas suas pernas enquanto a violava. Diz ainda que se recorda de ver Nuno Lopes a masturbar-se sobre o seu "corpo nu e imóvel".
Na queixa, a norte-americana conta que no final da noite o ator português terá chamado um táxi tendo-lhe dado 30 dólares para pagar a viagem e o seu número de telefone.
"Lukas não consentiu e não poderia ter consentido em fazer sexo com o sr. Lopes", lê-se no processo judicial contra o ator português.
É ainda referido que, "no dia seguinte, Lukas foi ao hospital" e que "o hospital realizou um kit de violação", tendo a cineasta reportado a violação à polícia. "A vida de Lukas mudou para sempre".
A norte-americana alega que ligou para Nuno Lopes quando ainda estava no hospital e que o português terá confirmado que tinham tido relações sexuais sem preservativo, pelo que a guionista tomou medicação para prevenir uma eventual gravidez, assim como doenças sexuais.
A.M. Lukas refere que os dois encontraram-se mais tarde e que o ator voltou confirmar que estiveram juntos, mas negou que tenha havido uma violação.
"Foi dada ao sr. Lopes a oportunidade de assumir a responsabilidade pelos seus atos: reconhecer o que fez; explicar-se e pedir desculpas. Ele imediatamente recusou-se a fazê-lo e comunicou em termos inequívocos que nunca reconheceria qualquer irregularidade", afirma a cineasta A.M. Lukas, num comunicado publicado no site da firma de advogados Wigdor LLP.
"Não podemos aceitar um mundo em que os autores de comportamentos hediondos e desumanos sejam capazes de viver as suas vidas livremente, com impunidade e sem consequências sociais, enquanto as suas vítimas sofrem em silêncio. Não estou ansiosa pelas formas como tenho a certeza de que os advogados do sr. Lopes tentarão humilhar-me e invalidar-me. Mas não serei dissuadida de obter justiça", afirma a norte-americana.
O processo judicial surge no âmbito da Lei dos Sobreviventes Adultos de Nova Iorque (em tradução livre). O prazo para dar entrada com uma ação na justiça com esta Lei dos Sobreviventes Adultos termina na quinta-feira (23 de novembro).
Os advogados de A.M. Lukas afirmam que a guionista sofreu "graves traumas psicológicos e emocionais", que "tem de suportar até hoje".
Um dos advogados, Michael Willemin, afirmou, em nome da sociedade que representa (Wigdor LLP), sentir-se "inspirado pela coragem" de A.M. Lukas em responsabilizar Nuno Lopes, assinalando que "a indústria cinematográfica tem repetidamente dado licença a homens como o sr. Lopes para se envolverem em agressões sexuais sem consequências".
Veja a declaração de Nuno Lopes:
"Apesar de prezar desde sempre a minha vida pessoal e ter optado por proteger a minha privacidade ao máximo, neste caso tenho a maior vontade de vir a público esclarecer e contar a verdade sobre esta história. No entanto, e contra os meus instintos, fui veementemente instruído pelos meus advogados americanos a abster-me de revelar todos e quaisquer detalhes sobre o processo movido ontem em Nova Iorque, que contém alegações com 17 anos, do tempo em que eu era estudante de representação em N.Y. em 2006.
Por enquanto, posso apenas dizer isto:
1. Recentemente recebi com surpresa e choque uma carta vinda dos Estado Unidos por parte dos advogados de A. M. LUKAS, a acusar-me de ter drogado e violado A. M. LUKAS há 17 anos, pedindo-me que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas.
Rejeitei ambos.
2. Sou moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos de que me acusam. Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias. Nem hoje nem há 17 anos.
3. Tenho o maior respeito e solidariedade por todas as vítimas de qualquer tipo de violência.
4. Estou de consciência absolutamente tranquila, mas ciente das consequências gravíssimas que este caso representa. E de como a minha decisão de recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal aporta consequências para a minha reputação quer pessoal quer profissional.
5. Não obstante quero deixar bem claro que refuto todas as acusações que me são feitas, que espero que este caso seja prontamente esclarecido e julgado justamente pelas autoridades competentes e que nunca terei medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa que tente difamar o meu bom nome."