Número de trabalhadores que caíram no desemprego disparou quase 10% no terceiro trimestre
O número de trabalhadores que passaram de uma situação de emprego para o desemprego aumentou mais de 9,5% no terceiro trimestre deste ano face a igual período de 2021.
Nos meses de julho a setembro, cerca de 55,1 mil pessoas caíram no desemprego quando no período precedente ainda tinham um trabalho, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Este fluxo de novos desempregados também é superior ao do segundo trimestre (cerca de 43,5 mil casos).
Aquele agravamento de 9,5% é o maior desde o primeiro trimestre de 2021, vivia o País a fase mais mortífera e complicada da pandemia, quando muitos hospitais entraram em rutura.
Nas novas "Estatísticas de Fluxos entre Estados do Mercado de Trabalho - 3º Trimestre de 2022", que são extraídas do último inquérito trimestral ao emprego, o INE também mostra que nos meses de julho a setembro houve uma quebra homóloga no número de pessoas que transitaram do desemprego para uma situação de emprego.
Segundo o instituto, este fluxo, que é um sinal positivo em termos de dinâmica do mercado de trabalho, foi inferior em 19% face ao verificado no terceiro trimestre de 2021.
Esta forte quebra pode ser explicada pelo facto de nessa altura, em 2021, a economia estar a recuperar do embate severo da pandemia no emprego e nas empresas.
Apesar dos apoios públicos em 2020 e 2021, muitos negócios e postos de trabalho acabaram por não resistir.
Segundo o INE, cerca de 78,1 mil desempregados (no segundo trimestre) conseguiram arranjar um emprego no terceiro trimestre deste ano.
Apesar da forte quebra homóloga, este grupo ainda aumentou face ao segundo trimestre (eram 65,3 mil no período de abril a junho).
No entanto, este fluxo está a perder força há cinco trimestres consecutivos, segundo a informação oficial ontem publicada.
Entre trimestres
Na análise que faz entre trimestres (segundo e terceiro), o INE regista que "do total de pessoas que estavam desempregadas no 2.º trimestre de 2022, 53,9% (160,9 mil) permaneceram nesse estado no 3.º trimestre de 2022, 26,1% (78,1 mil) transitaram para o emprego e 20% (59,8 mil) transitaram para a inatividade".
"No mesmo período, quase um em cada três homens desempregados (29,6%; 42,7 mil) e quase uma em cada quatro mulheres desempregadas (22,9%; 35,4 mil) transitaram para o emprego", acrescenta o instituto.
Entre os dois trimestres em análise, "aproximadamente um em cada três desempregados de curta duração (32,6%; 47,9 mil) e uma em cada sete pessoas pertencentes à força de trabalho potencial [os que estão desempregados e os que estão nas franjas do desemprego] (14%; 22,5 mil) no 2.º trimestre de 2022 transitaram para o emprego no 3.º trimestre de 2022".
Procura por mais segurança?
O INE repara ainda que "transitaram para um trabalho por conta de outrem 12% (86,7 mil) das pessoas que tinham um trabalho por conta própria no trimestre anterior" e que apenas "1,6% (65,2 mil) das pessoas que tinham um trabalho por conta de outrem transitaram para um trabalho por conta própria".
"No mesmo período, 23,5% (70,3 mil) das pessoas desempregadas transitaram para um trabalho por conta de outrem", informa a autoridade estatística.
De referir também que "do total de trabalhadores por conta de outrem que, no 2.º trimestre de 2022, tinham um contrato de trabalho com termo ou outro tipo de contrato, 19,3% (129,2 mil) passaram a ter um contrato sem termo no 3.º trimestre de 2022".
"Cerca de um em cada quatro empregados a tempo parcial (24,1%; 94,2 mil) no 2.º trimestre de 2022 passou a trabalhar a tempo completo no 3.º trimestre de 2022", observa o instituto.