A aplicação da nova lei da paridade às listas de candidatos à Assembleia da República não foi suficiente para garantir a eleição de um terço de mulheres. Entre os eleitos no último domingo contam-se 62 deputadas e 164 parlamentares do sexo masculino, o que resulta numa percentagem de 27,4 de mulheres eleitas. Abaixo dos 33% pretendidos com a nova legislação, mas acima dos valores de 2005 - há quatro anos foram eleitos 49 mulheres e 181 homens, 21,3% de representatividade feminina. O que significa que esta aumentou agora 6%. .O partido que proporcionalmente elegeu mais mulheres foi o BE. Com uma bancada de 16 lugares, os bloquistas têm seis assentos preenchidos por deputadas, o equivalente a 37,5% do total. Ainda assim, o BE fica aquém da paridade absoluta que tinha conseguido em 2005, elegendo então quatro mulheres numa bancada de oito. . Logo a seguir surge o PS. Com 28 deputadas em 96 eleitos, os socialistas ficam nos 29,1% de representação feminina. Ligeiramente acima dos números de há quatro anos, altura em que o PS elegeu 35 mulheres em 121 deputados (28,9% ). Um número que foi crescendo ao longo da legislatura, a começar pelas saídas para o Governo - sobretudo de homens, substituídos no Parlamento por deputadas. . Com 21 mulheres em 78 eleitos, o PSD ficará com uma bancada composta em 26,9% por mulheres. Um enorme salto em termos de paridade, por comparação com os eleitos em 2005: a bancada laranja era então a mais desequilibrada da AR, com apenas seis mulheres em 75 assentos (8%). Outra mudança significativa é no CDS - há quatro anos tinham apenas uma mulher em 12 deputados eleitos (8,3%). Agora, num grupo parlamentar com 21 elementos, têm quatro deputadas (19%). .Já a CDU elegeu nestas legislativas três mulheres para 15 assentos (20%). Acontece que, com a divisão da coligação em dois grupos parlamentares, o PCP ficará com duas deputadas em 13 (uma representação de 15,3%), enquanto o PEV manterá a já tradicional composição: um homem, uma mulher. Em 2005, os comunistas tinham eleito duas mulheres em 12 deputados, mas com as substituições na bancada e a expulsão de Luísa Mesquita acabaram a legislatura sem qualquer representante feminina. .O facto de a lei da paridade - que é aplicada às listas de candidatos - não se ter repercutido directamente nos eleitos para o Parlamento tem uma explicação. O novo regime obriga a que um partido não possa apresentar mais do que dois candidatos seguidos do mesmo sexo, mas basta que essa sequência seja homem-homem-mulher, e que apenas os dois primeiros sejam eleitos, para a representividade dos 33% nas listas não seja transposta para a eleição. Os números referidos reportam-se a uma altura em que estão ainda por apurar quatro assentos, pela Europa e fora da Europa. Os lugares em falta tenderão a baixar ligeiramente a representatividade feminina - estes círculos são tradicionalmente divididos entre PS e PSD, e entre os candidatos há apenas uma mulher.