É o melhor termómetro para medir o setor e, para já, atesta saúde. No ano passado, o número de imobiliárias voltou a crescer e, com a subida das vendas e a preços cada vez mais elevados, contabilizaram-se 6298 agências com licença de atividade. É mais 15,7% do que em 2017 e mais de duas vezes mais do que em dezembro de 2011, o ano em que Portugal, e a venda de casas, começou a perder terreno para a crise.."O abrir e fechar imobiliárias é o melhor barómetro para ver como está o mercado. Quando está bom abrem como cogumelos, quando está mau também fecham. Mas é importante ter uma coisa em atenção: não há espaço para seis milhões de portugueses serem mediadores, isso é certo. Até porque os preços também não vão subir até ao céu", alerta Luís Lima, presidente da APEMIP, a associação que representa os mediadores e agentes imobiliários..O setor não se esquece dos anos negros da troika em que foram destruídas centenas de empregos, na sequência de falências de promotores e agências - só em 2013, oito em cada dez empregos perdidos eram da construção e do imobiliário. Mas o travão, que levou a um número mínimo de 2738 licenças de atividade em dezembro de 2012, parece ter ficado no passado..No final de 2018, só Lisboa e Porto juntos superavam estes números vermelhos. Na capital estavam registadas 2046 licenças e, no Porto, eram 1003. No conjunto do país destacou-se ainda o distrito de Faro, com 771 licenças, e Setúbal, com 567. As regiões do interior do país são aquelas onde o dinamismo do setor é menor: Portalegre (29), Guarda (39) ou Bragança (31) são os exemplos da litoralização do país..No total do país havia, assim, 6298 licenças de atividade de mediação (AMI), que podem dizer respeito a pessoas singulares ou coletivas. Fora dos números estão operadores-sombra que atuam como mediadores à margem da lei - e por isso sem registo -, e que ajudam a completar as transações na qualidade de "consultores" ou "amigos", cobrando na mesma uma percentagem sobre a venda. Não há números, mas sabe-se que têm crescido à medida que as notícias dão conta do boom de vendas e de preços. Além destes, há também os falsos mediadores que se escondem atrás do telemóvel ou do e-mail com um único objetivo: a burla..Luís Lima lembra que, fruto de uma escassez de imóveis que considera "grave", já começa a sentir-se no arranque de 2019 um abrandamento do setor e, por isso, considera "normal, e até saudável, que haja um ajuste" do número de operadores nesta indústria. E salienta que "só por asneira" é que se poderá cair novamente numa crise profunda como a última. É que o imobiliário rompe recordes, mas a realidade é hoje mais saudável, destaca: "Neste momento não há endividamento como havia nem condições como as que havia. Por exemplo, em Lisboa, só um terço das casas é que se vendem com financiamento bancário, os restantes dois terços são vendas sem recurso ao financiamento." No total do país estima-se que o recurso a crédito represente menos de 50% das vendas. "A banca, ao contrário do que se diz, não está a facilitar, há é uma forte concorrência porque o cliente do crédito à habitação é muito importante para os bancos, porque a partir dali fica um cliente fidelizado por 30 ou 40 anos", assinala o responsável.