Novo trailer de Star Trek leva a série onde ela nunca foi
Os estúdios Paramount escolheram a semana das estreias mundiais de Star Wars: The Force Awakens/O Despertar da Força para revelar o primeiro 'trailer' da sua saga espacial, Star Trek - O Caminho das Estrelas. E as imagens mostram uma abordagem à série bem distante da sua origem.
Com a saída do homem que reiniciou a saga da nave Enterprise em 2009, JJ Abrams (o cineasta "saltou" para Star Wars), o comando do filme foi entregue a Justin Lin, o realizador de três filmes da série "Velocidade Furiosa". E Star Trek Beyond apresenta-se, em 94 segundos, como um filme de ação ao (pior) género de Hollywood. Muitas explosões, lutas, batalhas espaciais, tudo ao som do 'rock' dos Beastie Boys. Qualquer semelhança com um dos 'trailers' de um dos filmes "Velocidade Furiosa" não será mera coincidência.
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Ao que as imagens indicam, a Enterprise será destruída (outra vez...) e o capitão Kirk (Chris Pine) ficará num planeta alienígena "sem nave, sem tripulação", como ele próprio diz.
De regresso aos papéis dos dois filmes anteriores estão ainda Zachary Quinto (Spock), Karl Urban (Bones), Zoe Saldana (Uhura) e Simon Pegg (Scotty). De destacar ainda a escolha de Idris Elba, Nelson Mandela em "Longo Caminho para a Liberdade", que será o vilão de serviço.
Mal o 'trailer' surgiu online, os fãs da série criada por Gene Roddenberry em 1963 inundaram as redes sociais com críticas. Até o jornal Washington Post lhe chamou "basicamente 'Velocidade Furiosa' no espaço".
Toda a má receção desta montagem foi talvez melhor sintetizada pelo escritor e humorista Dana Gould, que no Twitter escreveu: "A genialidade do trailer de Star Trek Beyond é que consegue desiludir toda a gente que iria ver [o filme] sem atrair ninguém que não o faria".
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Desde os seus primeiros passos enquanto série transmitida pela NBC entre 1963 e 1969, até ao culminar de popularidade - no final do séc XX, quando a série "The Next Generation/A Geração Seguinte" deu origem a três "spin offs" em simultâneo com vários filmes - a saga Star Trek definiu-se sempre por ter uma abordagem mais filosófica da habitual "space opera" estilo Star Wars ou Battlestar Galactica (a série dos anos 80).
A missão da Enterprise -- e das naves estrela dos "spin offs" -- foi sempre de exploração, nunca de conquista; a solução dos conflitos surgia mais pela via diplomática do que pela energia dos 'phasers'.
Tudo devido à visão otimista de Gene Roddenberry para o futuro da humanidade: uma espécie a trabalhar em conjunto, independentemente da sua raça ou credo, utilizando a inteligência e a ciência para criar uma federação galática e para ir onde "nenhum homem alguma vez foi", como se ouvia na série original.
Mas o 'reboot' concebido por JJ Abrams para o filme "Star Trek" de 2009, em que a história regressa às origens do capitão James T. Kirk e à primeira missão da Enterprise, atira todo o histórico para o lixo e cria uma "linha temporal" paralela, na qual o ambiente é indubitavelmente mais "jovem".
E se o filme seguinte, Star Trek Into Darkness (2013) prosseguiu a mesma linha, este terceiro capítulo parece pretender ir muito mais além. Infelizmente, dirão quase todos os fãs.