Novo observatório espacial da NASA vai estudar o Sol a três dimensões
A NASA prepara-se para revelar ao mundo as primeiras imagens do Sol a três dimensões. Depois de várias adiamentos, por motivos técnicos, já seguiram para o espaço dois satélites que têm como principal missão estudar a actividade que se produz à superfície daquela estrela - como as erupções solares - e registá-la em imagens com ilusão de profundidade. Quando forem transmitidas para Terra, será apenas necessário comprar óculos 3-D para observar o Sol como se lá tivesse estado.
Os próximos três meses servirão para os dois satélites se alinharem e encontrarem posição para lá da Lua. Só depois começarão a captar imagens. Para realizar estas manobras vão aproveitar a gravidade lunar. Um vai posicionar-se à frente da Terra na sua trajectória em volta do Sol, o outro fará o mesmo mas na posição de retaguarda.
O objectivo deste observatório espacial, que recebeu o nome de Stereo, é imitar a forma como os dois olhos captam as imagens à sua frente, obtendo o efeito de profundidade. Desta forma, conseguirão captar imagens em três dimensões.
A missão terá uma duração de dois anos e um custo estimado de quase 500 milhões de euros. Mas a tarefa do Stereo não se fica pelas retransmissão das imagens. Os cientistas esperam que os dados ajudem a perceber por que razão ocorrem as erupções solares, como se formam e que caminho tomam. Para isso, os dois satélites estão também equipados com mecanismos que permitem medir a intensidade magnética das partículas lançadas durante uma erupção.
O Stereo "vai ajudar os cientistas a ter um melhor conhecimento do Sol e da sua actividade, algo que nunca conseguimos obter a partir da Terra ou de qualquer outra missão", afirmou Nick Chrissotimos, responsável da agência espacial norte-americana pelo projecto.
A erupções solares, que conseguem ser avistadas no céu terrestre durante o nascer do dia, têm consequências que podem ser fatais para algumas missões espaciais. Podem inutilizar satélites em órbita e pôr em causa a vida de astronautas.
Durante estes fenómenos, são expelidas para o espaço milhões de toneladas de partículas da atmosfera solar. Os astronautas que viajarem para a Lua ou para Marte nas próximas décadas podem ser sujeitos a uma carga correspondente a um ano de radiação intensiva. As consequências também se verificam na Terra.
Uma erupção pode, por exemplo, parar a actividade dos sistemas de energia. Saber com antecedência que elas vão ocorrer permite colocar satélites e sistemas energéticos a funcionar em modo de segurança. Além disso, um conhecimento mais aprofundado destes fenómenos ajudará os técnicos a construírem tecnologias mais resistentes.