Novo iPhone 14 vs. Samsung S22. Há um claro vencedor na luta de topos de gama?

Com lançamento, na semana passada, dos novos smartphones da Apple, o mercado ganhou mais concorrentes ao lugar de "melhor telefone do mercado". Mas já não existia nas prateleiras algo com características muito semelhantes?
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Os novos iPhones 14, lançados na semana passada e disponíveis para encomenda, apresentam importantes modificações relativamente ao modelo anterior. Apesar de se tratar de evoluções "naturais", muitas esperadas - o que já levou alguns críticos a afirmar que esta geração devia, na verdade, chamar-se 13S em vez de 14, recuperando uma nomenclatura intermédia que a marca da maçã entretanto abandonou -, facto é que (em especial nos modelos Pro) os clientes Apple vão encontrar aqui coisas que nunca viram num iPhone. Só que muitas delas já poderiam ter encontrado na concorrência Android.

Mas no modelo base da Apple há, pelo menos, uma característica quanto à qual a empresa de Cupertino teima em manter o seu aparelho numa "idade da pedra" imperdoável para um aparelho que custa mais de mil euros.

Fazer a comparação dos novos iPhones com os topos de gama de ecrã não-dobrável da Samsung, a marca de Smartphones mais vendida no mundo Android, os Galaxy S22 e S22 Ultra - no mercado desde fevereiro -, dá-nos uma boa perceção das áreas em que os recém-lançados inovam e daquelas em que acompanham o que já existe. E onde falham.

A mais óbvia falha é tão evidente que só se justifica por a Apple saber, com certeza, que a grande, grande maioria dos seus clientes não são (ou não querem ser) tecnicamente informados. Apesar de o iPhone 14 e 14 Plus terem ecrã "Super Retina" - de elevadíssima resolução -, apenas fazem refrescamento (número de imagens por segundo na "tela") até 60Hz.

O S22 vai ao dobro (120Hz). Utilizam uma técnica mais do que testada de refresh dinâmico, para poupança de energia: se o utilizador está a ver uma foto, o ecrã deixa de refrescar (fica parado, a 1Hz), de forma a que a imagem se mantenha estática, sem cintilar; se a pessoa estiver a jogar, por exemplo, o sistema acelera o refrescamento até aos 120Hz, para proporcionar uma maior fluidez na ilusão de movimento.

A Apple incluiu esta tecnologia - que há mais de dois anos está nos Android de topo - no iPhone 14 Pro, que custa no mínimo mais 350 euros. Mas deixou o base no "antigamente"...

O mesmo se aplica à tecnologia always on do ecrã, que permite ter sempre visíveis algumas informações, como horas e notificações, algo que está presente em todos os modelos do S22 (e há pelo menos quatro anos se encontra em telefones Android) e que a marca da maçã reservou para os Pro.

Ainda que o Qualcomm Snapdragon 8 Gen 1 que equipa os Samsung S22 seja extremamente potente, e que o iPhone 14 repita o processador da geração anterior, se bem que numa versão revista, os benchmarks revelados dão, à partida, vitória ao modelo de Cupertino. Em especial (mais uma vez) nos modelos Pro.

Este maior nível de processamento, associado à forma como o sistema operativo iOS faz a gestão entre a memória e o armazenamento propriamente dito, faz com que os iPhones funcionem apenas com 6GB de RAM, enquanto os Samsung variam entre os 8GB e os 12GB.

A experiência diz-nos que aquele processador da Qualcomm, quando emparelhado com uma generosa dose de RAM, dá para todas as necessidades do momento. Mas de facto os benchmarkings da Apple impressionam.

Como sempre, a Apple não revela detalhes quanto às características técnicas das baterias. Resta-nos confiar nas alegações da marca, que afirma que o 14 base tem autonomia para correr vídeo em HD durante 16 horas, subindo este valor para 20 horas no Pro.

Os testes realizados pela PCMag norte-americana aos S22 e S22 Ultra referem autonomia entre 9 e 12 horas. Mas estes foram realizados em "mundo real", pelo que teremos de esperar para ver, até ser possível fazer o mesmo aos novos iPhones.

De resto, todos os modelos (Apple e Samsung) oferecem carregamento sem fios rápido de 15 watts. Já quanto ao carregamento com fios, ainda não foi este ano que a marca da maçã adotou o padrão USB-C (que, aliás, vai ser obrigatório na União Europeia), mantendo o seu conector Lightning. Este permite carregamento mais lento (20 watts) do que o máximo permitido pela concorrência (até 45W).

No que toca às câmaras fotográficas, todos estes modelos são capazes de captar imagens de altíssima qualidade, tanto em foto, como em vídeo. Mas tecnicamente a vantagem vai para a Coreia do Sul. Aqui temos de ser muito técnicos.

No S22 (e no S22 Plus) a câmara principal tem um sensor de 50 megapíxeis com abertura f/1.8 e estabilização ótica, bem como uma grande angular de 12MP, com abertura f/2.2, e ainda uma teleobjetiva de f/2.4 e zoom ótico de 3x.

No iPhone 14 (e no 14 Plus) a câmara principal é pior: tem um sensor de 12MP (f/1.5) com estabilização ótica por mobilização do sensor e uma lente ultra-grande-angular também de 12MP (f/2.4) e um zoom ótico de 2x. A diferença não é grande, mas existe.

Já na comparação do S22 Ultra com o iPhone Pro o campeonato é outro. A Apple equipa os seus topos de gama como sensores de 48MP (f/1.78), com estabilizador ótico. A segunda objetiva é uma ultra-grande-angular com um sensor de 12MP (f/2.2) e a terceira, a teleobjetiva (f/2.8), tem zoom ótico de 3x.

Por sua vez, o Samsung S22 Ultra vem equipado com um conjunto de quatro sensores, o primeiro nada menos com 108 MP (abertura f/1.8). A segunda objetiva tem um sensor de 12MP (f/2.2) e depois há um par de teleobjetivas com sensores de 10MP, um com zoom ótico de 3x e outro com nada menos do que 10x! Muito superior à maçã, portanto.

Na parte do vídeo, os modelos da Samsung são capazes de gravar em resoluções de 8K, enquanto a Apple se ficou pelos 4K.

Nada disto quer dizer que as fotos e vídeos tirados com as máquinas de Cupertino sejam muito piores do que as captadas pela oferta made in Seul. E tendo em conta os filtros e outros artifícios digitais que a maçã inclui no processamento de imagem, até pode acontecer alguns resultados parecerem melhores nos ecrãs dos iPhones. Mas facto é que ainda não foi nesta geração que a Apple voltou a liderar o mercado das câmaras móveis.

Outras diferenças poder-se-iam traçar entre os modelos: o Samsung Ultra é compatível com as canetas eletrónicas Stylus, que ajudam a fazer deste telefone uma ferramenta de produtividade a que a Apple não se compara. O iPhone, por seu lado, tem com o 14 a possibilidade de enviar um SMS de emergência por satélite onde quer que se esteja no mundo, mesmo não existindo cobertura de rede móvel ou internet...

É algum destes argumentos suficiente para decidir por um modelo ou por outro? Provavelmente não. Na hora da escolha, quem gosta do sistema da Apple dificilmente muda; e quem está bem com um Android quase sempre procura... um Android melhor.

O que se calhar é uma pena. Afinal, como dizem os nossos primos ingleses, será que a relva do outro lado não é, de facto, mais verde? Pelo menos, é bem capaz de valer a pena ir lá confirmar.

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