Novo chairman do Banco de Fomento suspeito de ajudar Vieira
O gestor nomeado pelo Governo para liderar o Banco de Fomento, Vítor Fernandes, surge no despacho de buscas do Ministério Público (MP) sobre a Operação Cartão Vermelho como um elemento com quem Luís Filipe Vieira tinha uma relação privilegiada e que terá informado o presidente do Benfica acerca de vários negócios vantajosos, depois concretizados através de alegados testas de ferro.
A notícia é avançada esta sexta-feira pelo Observador, segundo o qual o bancário, que não é arguido nem acusado de qualquer ato ilícito, apesar de ter sido referenciado pelo MP, arrisca ver a sua idoneidade reavaliada pelo Banco de Portugal (BdP).
Daí o BdP ter pedido mais informações sobre o bancário, um procedimento que já foi feito em ocasiões anteriores.
Vítor Fernandes, que passou pela administração da Caixa Geral de Depósitos, do BCP e do Novo Banco, foi indicado pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, para assumir a função de chairman do novo Banco de Fomento, num processo que se iniciou em abril e que ficou concluído no início de julho.
De acordo com o Observador, na mira do MP estão créditos totais de 408,9 milhões que foram alvo de reestruturação após proposta de Vítor Fernandes e aprovação da Comissão Executiva do Novo Banco liderada por António Ramalho.
O MP tem indícios de que o presidente do Benfica tentou adquirir a dívida da Imosteps por via de contactos privilegiados que tinha com o agora líder do Banco de Fomento, que terá avisado Vieira de que o seu nome nunca poderia aparecer como comprador da sua própria dívida.
O empresário e presidente do Benfica Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão em causa factos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".
Para esta investigação foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.