Novo Barca Velha em setembro a cem euros
Foram produzidas 26.068 garrafas deste novo Barca Velha, que para muitos é o mais mítico dos vinhos portugueses e que para e empresa proprietária da Ferreirinha, a Sogrape, simboliza "a mais alta qualidade dos vinhos do Douro".
A comercialização começará através do Clube Reserva 1500 da Sogrape, apenas para os "sócios", realçou a empresa.
A nota técnica informa, nomeadamente, que este vinho possui 13,5 por cento de álcool e "tem uma intensa cor rubi e um aroma de grande harmonia e complexidade, com forte presença de frutos vermelhos bem maduros, 'nuances' florais de alfazema e violeta, e uma excelente componente de especiarias".
Para Luís Sottomayor, o enólogo, é apenas "o vinho", o melhor entre todos os da sua classe.
Sottomayor lembra-se bem da primeira vez que bebeu Barca Velha: "Foi o de 1978, em 1989", na Casa Ferreira, em Gaia, aonde já então trabalhava, e a impressão que lhe causou "foi muito forte", segundo contou à Agência Lusa.
Luís Sottomayor era "um jovem enólogo", com 26 anos, e reforça que esse vinho "excedeu" as suas expetativas.
"Já tinha provado muitos e bons vinhos, mas nunca um com aquela estrutura e com aquela complexidade", completou
Um dos aspetos que mais o surpreendeu foi "a consistência de qualidade" que o vinho lhe transmitiu logo na altura.
Desde então, o enólogo tem a suas impressões digitais inscritas nos cinco últimos Barca Velha: 1991, 1995, 1999, 2000 e agora este, feito com uvas da Quinta da Leda, em Vila Nova de Foz Côa.
"O ano de 2004 foi um ano de excecional qualidade" e, por isso, na vindima, "poucas dúvidas houve" de que tinha nascido mais um Barca Velha, recordou Luís Sottomayor.
"É um vinho preparado para evoluir por muito tempo em garrafa, com grande estrutura, robusto e com muita personalidade e caráter. É isso que o define, é o que nós procuramos manter e fazer, é só isso, não nos preocupa fazer um vinho que seja melhor que os outros", explicou.
"Na Ferreira não existe a preocupação de saber se o vinho se distingue ou não dos outros da sua categoria, porque o Barca Velha tem um filosofia, uma personalidade e um caráter" próprios, que a empresa afirma procurar "manter".
Luís Sottomayor defendeu que é a soma desses atributos que faz este vinho "ser diferente", mantendo, todavia, a filosofia que foi idealizada há 60 anos" pelo seu criador.
As castas utilizadas são quatro, mas há duas que são "essenciais": a Touriga Nacional e a Touriga Franca.
A primeira garante "elegância e complexidade aromática" e a outra casta predominante oferece "estrutura e robustez".
As outras castas presentes neste Barca Velha são a Tinta Roriz e Tinto Cão e servem para dar o "sal e apimenta".
Questionado sobre o preço, 100 euros por garrafa, Luís Sottomayor respondeu: "Não acho que seja um vinho excessivamente caro, embora não esteja ao alcance de toda a gente. É um vinho que detém um empate de capital muito grande" e demorou oito anos, desde a sua colheita, até ficar "bebível" e atingir a sua "idade adulta".