Novo Banco quer plano de reformas antecipadas

Instituição está a calcular o custo de abrir programas de reforma antecipada para avaliar a quantos funcionários e a partir de que idade poderá oferecer essa possibilidade
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A abertura de um programa de reformas antecipadas no Novo Banco será uma das formas através das quais a instituição irá procurar reduzir o seu quadro de pessoal, um dos pontos do plano de reestruturação da entidade. Este plano, que ontem foi debatido pela administração do Novo Banco com os sindicatos do setor, ainda está a ser avaliado pela Direção-Geral de Concorrência da União Europeia, razão pela qual ainda não foram divulgados os contornos do mesmo. Depois de aprovado, o plano ainda será alvo de discussão com os sindicatos.

"O banco está a enveredar por um caminho fundamental, de preservar a maioria dos postos de trabalho", começou por apontar Aníbal Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários do Centro, ao DN/Dinheiro Vivo, depois da reunião de ontem com a administração liderada por Stock da Cunha. Aníbal Ribeiro apontou de seguida que "as reformas antecipadas estão em cima da mesa", avisando que este "é um processo que obedece a regras, regras que obrigam a instituição a repor as verbas do trabalhador que sai antecipadamente, para compensar". Porém, dada a situação e as disponibilidades financeiras do Novo Banco, a oferta aos trabalhadores da opção pela reforma antecipada e a dimensão desse mesmo programa está dependente de várias contas. Essa dimensão depende também da idade a partir da qual os trabalhadores do Novo Banco poderão aderir. "É um processo que implica que o fundo de pensões do Novo Banco terá de ser provisionado, o banco vai ter de repor as verbas", isto numa altura em que a instituição está novamente à procura de soluções que reforcem os seus rácios de capital, depois de o Banco Central Europeu ter identificado um défice de quase 1,4 mil milhões de euros caso o banco se veja confrontado com um cenário adverso.

O avanço de um trabalhador para a reforma antecipada obriga a instituição a compensar o fundo de pensões com o valor pelo qual este funcionário ainda seria responsável. Numa conta por alto, Aníbal Ribeiro avalia que cada reforma antecipada pode custar perto de 150 mil euros à instituição, "supondo um trabalhador de nível 8 a 10, a cinco/seis anos da reforma". Uma verba que multiplicada por cem trabalhadores, por exemplo, eleva a fatura até aos 15 milhões de euros. Segundo avançou o Jornal de Negócios no final de novembro, a reestruturação do Novo Banco poderá implicar a dispensa de mil dos mais de sete mil trabalhadores da instituição.

Reunião "inconclusiva"

A reunião entre os maiores sindicatos bancários e a administração do Novo Banco realizada ontem de manhã foi considerada "inconclusiva" pelos presentes.

Os representantes dos trabalhadores explicaram à saída da reunião que o plano de reestruturação é uma matéria "reservada ao Estado, ao Banco de Portugal e à Direção-Geral de Concorrência da União Europeia" e que somente depois de estes atores terminarem o desenho do mesmo é que este irá ser discutido em pormenor com os sindicatos, que, contudo, prometeram ontem "não se dar por vencidos à primeira", salientou Rui Riso, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, em declarações à Lusa.

Já com a proposta de reestruturação em mãos, a Comissão Europeia não avança com datas previsíveis para finalizar a avaliação do mesmo. "Ao contrário do que ocorre com fusões ou concentrações, a análise a casos de ajudas estatais não tem prazos definidos, não tem obrigações de calendário, pelo que não há datas ou previsões", apontou Ricardo Cardoso, porta-voz da CE para a concorrência, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo.

O desenho da reestruturação do Novo Banco corre assim quase ao mesmo tempo que se procura quem fique com o grupo. Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado dos Transportes no governo de Passos Coelho, ficou responsável pelo relançamento do processo de venda da instituição depois de a suspensão da mesma em setembro ter levado o Banco de Portugal a exigir o avanço de um plano de reestruturação. Agora, o lançamento formal do processo de venda acontecerá apenas após a aprovação desse plano.

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