Novembro Azul

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Criado em 2003 na Austrália, o movimento Movember rapidamente ganhou o mundo, levando a mensagem da consciencialização para doenças típicas do sexo masculino, em especial a prevenção e o diagnóstico precoce do cancro da próstata e outras doenças benignas frequentes, como a hiperplasia benigna da próstata. Desde então, o mês de novembro tem sido escolhido pelos profissionais da área de saúde como o período ideal para divulgar a promoção da saúde masculina.

A campanha Novembro Azul é, assim, um movimento em prol da saúde do homem que, em particular, tem por alvo os que têm mais de 50 anos de idade, uma vez que a idade se revela o principal fator de risco para as doenças da próstata.

A pandemia levou a uma redução na procura das consultas não-covid, na generalidade - e esta é uma realidade que resulta na diminuição do diagnóstico, tornando ainda mais imperativas todas as ações de sensibilização. No caso das doenças da próstata, o diagnóstico precoce e, por sua vez, o seu tratamento adequado, contribuem de forma significativa para a redução das taxas de mortalidade.

A partir dos 50 anos todos os homens têm um aumento benigno do volume da próstata (hiperplasia benigna da próstata). Cerca de metade dos homens vêm a ter sintomas relacionados com este aumento, que devem ser avaliados e se necessário medicados. Uma parte destes casos acaba por ter de ser operada para equilíbrio da situação e evitar descompensação da bexiga e retenção urinária.

Dispomos hoje de uma gama muito grande de formas de tratamento cirúrgico, desde o mais complexo até ao minimamente invasivo com preservação da função sexual.

O cancro da próstata é uma patologia que surge, também, habitualmente, a partir dos 50 anos e mais ainda nas décadas posteriores. Há cerca de 5 mil novos casos por ano, em Portugal, e cerca de 2000 mortes por ano. É a segunda causa mais frequente de tumor maligno no homem dos países ocidentais.

Cerca de 9% dos cancros da próstata são de causa genética e este é dos poucos fatores de risco que se conhecem, lado a lado com o facto de se ser homem e com o envelhecimento. Numa fase inicial em que a doença está confinada à próstata, a doença é completamente assintomática. Os sintomas só aparecem quando a doença está muito avançada, manifestando-se por exemplo, em dores ósseas, fraqueza, agravamento da função dos rins.

A única forma de impedir esta evolução é um diagnóstico e um tratamento precoce da doença. Por tudo isto, todos os homens com história familiar de cancro da próstata devem avaliar o risco de vir a desenvolver a doença, estabelecendo um plano de seguimento personalizado junto do seu médico e, com o aumento da idade, há que não descurar as consultas de rotina ao longo da vida.

Hoje em dia, quando o cancro da próstata é diagnosticado em fases mais precoces, é possível tratar com intuitos curativos. Aqui o tratamento também pode ir de formas mais ligeiras a cirurgia radical, conforme o caso. É importante destacar que tem existido uma forte evolução nos tratamentos deste tipo de cancro, por exemplo, com o recurso a técnicas minimamente invasivas; assim como a laparoscopia ou, até mesmo, o robô, que permite não só tratar o cancro como, também, preservar a continência urinária e ter pós-operatórios mais curtos.

Quer no cancro da próstata quer na hiperplasia benigna é fundamental uma visita atempada e regular ao urologista, mesmo que não haja sintomas, para que um diagnóstico precoce e uma orientação correta seja feita. A vigilância é essencial.

Coordenador de Urologia no Hospital CUF Descobertas - Especialista CUF Oncologia

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