Nove meses à espera que o calor traga a alegria dos turistas

A aldeia da costa alentejana vive para o turismo e gosta. Para ser melhor só faltam mais hotéis. Portugueses são os principais veraneantes. Os estrangeiros vêm no inverno.
Publicado a
Atualizado a

"Porto Covo sempre canta porque encanta quem cá passar." Assim começa um dos fados que Aleixo dos Santos "O Poeta Destemido" escreveu em homenagem à sua terra natal. A música fala ainda das "praias douradas" procuradas "para férias bem passadas". Não é por isso de estranhar que Aleixo seja, nesta altura do ano, um homem feliz. "Isto no inverno é só velhotes e agora com os turistas há mais alegria", diz captando as atenções do Largo Marquês de Pombal com as suas cantigas. Está acompanhado dos velhotes seus amigos: Armindo, Higino (a cortar queijo que mete à boca com pedaços de pão), Maria Mendes e Arminda Filipe, que o ouvem sentados no banco de jardim.

Amigos de há muitas gerações, ainda se lembram quando a normalidade de Porto Covo era apenas alterada pela visita de alemães. Hoje "há muitos portugueses e espanhóis". E é dos nuestros hermanos que Maria Mendes mais gosta: "Ah a festa que os espanhóis fazem aí à noite. É sempre uma grande algazarra". Contrariando assim os dias de inverno, quando "às 21.00 já não se vê ninguém na rua e o comércio só abre ao fim de semana". Os meses de calor trazem a Porto Covo um aumento dez vezes maior da população que aqui vive todo o ano. "Temos cerca de 1150 habitantes e no verão chegamos a ter 10, 11 mil pessoas aqui", indica o presidente da Junta de Freguesia, Cláudio Rosa.

Não há dúvida que é o turismo de verão que faz mexer esta aldeia na costa vicentina. Até porque "85% das pessoas vivem do turismo, seja a alugar casa, em empresas turísticas, de mergulho, animação ou no comércio e restaurantes", enumera o autarca. É aliás a oferta turística que motiva mais queixas nesta terra que gosta de receber turistas. "Só temos um aparthotel. Se tivéssemos mais um ou dois hotéis dava para as pessoas virem períodos mais curtos e durante o inverno porque podiam estar entretidas", defende Francisco Cópio, dono do restaurante O Pescador, mencionado recentemente no guia da costa vicentina, o que ajudou a potenciar o negócio. Mas não tanto como gostaria, porque as diferenças entre a época alta e a época baixa ainda são abissais.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt