Nove em cada 100 funerais realizados em Portugal são cremações

Nove em cada 100 funerais realizados em Portugal são cremações, número que mais do que quadruplicou na última década e que não foi afetado pela crise, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário.
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Segundo Paulo Carreira, nos últimos 10 anos, o número de cremações passou de 2053, em 2001, para 8948, no ano passado, essencialmente devido à maior quantidade de fornos crematórios em Portugal (dois em 2001 para 16 em 2011).

"Não vejo que a crise influencie o aumento do número de cremações, tem sim havido uma tendência para escolher serviços mais baratos", salientou Paulo Carreira, segundo o qual os dados são recolhidos nas câmaras municipais ou juntas de freguesia.

O presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário (APPSF) sublinha que a cremação pode mesmo constituir um fator de poupança, porque "permite reduzir o custo a prazo, uma vez que não será necessário colocar lápide ou fazer a exumação dos restos mortais".

O recurso à cremação é, de acordo com Paulo Carreira, muito comum no Norte da Europa, onde chega a atingir os 70 por cento e mesmo em Espanha ou em França, onde as taxas a rondam os 20 por cento.

Paulo Carreira revelou que, em Portugal, o destino a dar às cinzas é livre, pelo que depois da cremação, a família recebe os restos mortais numa urna própria para o efeito e "pode fazer deles o que quiser".

Há até algumas novidades neste mercado, como "uma urna de cinzas especial para poder plantar uma árvore".

"As pessoas muitas vezes querem regressar às origens e aí podem plantar uma árvore que é uma urna de cinzas que tem um reservatório para colocar cinzas e por cima e tem um reservatório para colocar terra com fertilizante e sementes", explicou Paulo Carreira.

De acordo com a mesma fonte, existem ainda outras opções, que "passam por uma urna de cinzas que não se assemelha em nada a uma urna".

"É um objeto que só a pessoa sabe o que é, mas que não é chocante ser colocado em sua casa", explicou.

"Há outras soluções, como dispersar ou lançar as cinzas ao mar com uma urna biodegradável", referiu o presidente da associação, sublinhando que estes casos "já não são exceções, são uma prática diária".

Entre o leque de opções, há ainda a possibilidade de ser produzido um diamante a partir das cinzas resultantes da cremação, um processo que demora entre quatro a 12 semanas, disse Paulo Carreira.

"É um pequeno diamante que é colocado num estojo apropriado de forma a ser uma memória eterna da pessoa falecida. Esse diamante pode ficar no estojo ou pode ser colocado num adorno que seja pessoal e íntimo da família", explicou o presidente da APPSF.

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