Novas regras de emissões obrigam Autoeuropa a parar mais uma semana
A Autoeuropa vai ser obrigada a parar mais uma semana do que estava previsto para poder adaptar a fábrica de Palmela à nova regulamentação (WLTP) sobre a medição do consumo e das emissões poluentes. É mais um problema para as exportações portuguesas e para o ritmo de crescimento da economia. Mas a meta de produção de 240 mil carros neste ano não vai ser afetada, garante a empresa do grupo Volkswagen, graças à criação de novos turnos e do trabalho ao domingo logo após as férias de verão.
A interrupção na produção, que habitualmente decorre nas primeiras duas semanas de agosto, irá estender-se neste ano até 23 de agosto, confirmou ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial da Autoeuropa. "A partir de 1 de setembro entra em vigor uma nova regulamentação legal (WLTP), que dá origem a mudanças nos processos de medição do consumo e das emissões dos veículos. Esta alteração está a ter um impacto global em todos os construtores automóveis e o Grupo Volkswagen não é exceção. O impacto identificado neste momento na Volkswagen Autoeuropa confirma a necessidade de alterar o calendário de férias. Por conseguinte, o shutdown começa a 1 de agosto e o reinício da produção é no dia 23 de agosto, às 07.00."
A norma Worldwide harmonized Light vehicles Test Procedure (WLTP) vai conferir aos automóveis valores de consumos e de emissões poluentes mais realistas, o que poderá ter como resultado um agravamento dos preços atendendo à tabela fiscal de imposto sobre veículos (ISV), com incidência nas componentes de cilindrada e emissões de CO2. As marcas de automóveis estão a fazer todos os esforços para que os novos veículos consigam obter os mesmos valores de emissões e assim evitar o agravamento dos preços de venda junto dos consumidores.
Ao todo, esta paragem forçada vai obrigar as fábricas da VW na Europa a suspender a montagem de 250 mil carros entre agosto e setembro. Herbert Diess, presidente do grupo alemão, admitiu que estava a trabalhar "sob muita pressão para que as novas medidas afetem o menos possível" a produção.
A Autoeuropa, na verdade, garante que a meta de produção de 240 mil carros neste ano não vai ser afetada, uma vez que, assim que a fábrica de Palmela estiver pronta para as novas normas de emissões, vai passar a funcionar todos os dias para poder responder ao aumento da procura do novo modelo - o SUV T-Roc.
A partir de 23 de agosto vai ter 19 turnos de laboração: três turnos diários de segunda a sexta e dois turnos diários ao sábado e ao domingo. Já está acordado com a administração de Miguel Sanches que os trabalhadores terão uma semana de trabalho de cinco dias, com duas folgas consecutivas. Estes dias de descanso serão gozados ao sábado e ao domingo de duas em duas semanas. Trabalhadores e administração voltam hoje a negociar as condições de pagamento dos domingos (ver caixa).
Além dos novos turnos, a fábrica vai voltar a aumentar a produção diária do T-Roc depois das férias de agosto. Por hora, haverá uma subida "de 30 para 32 carros na área das carroçarias".
A paragem de mais uma semana na produção da Autoeuropa poderá, no entanto, ter um efeito colateral - um maior abrandamento das exportações portuguesas. O Banco de Portugal, nas últimas projeções, previu que as exportações de bens e serviços cresçam apenas 5,5% em 2018, em vez dos 7,2% esperados em março. A descida abrupta dever-se-á , em parte, a um comportamento ligeiramente inferior ao expectável por parte da Autoeuropa, como noticiou o Eco.
Apesar disso, de janeiro a maio, produziram-se 75 034 veículos para exportação em Portugal, um aumento de 14,1% em relação aos primeiros cinco meses de 2017. A fábrica de Palmela contribui com 1% do PIB e dá emprego, direta e indiretamente, a 8700 pessoas.